O próximo sábado (28) será o dia D da Campanha Stop Food Waste Day – Salve o Alimento, com ações em 10 países, como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Turquia, Japão e Austrália. O objetivo é diminuir o desperdício de alimentos e mostrar a importância do aproveitamento completo em receitas saudáveis e sustentáveis. A campanha visa causar impacto social e ambiental para ajudar a melhorar a posição do Brasil, que ocupa o 10º lugar no ranking dos países que mais desperdiçam alimentos. A meta mundial é reduzir o desperdício pela metade até 2030.
De acordo com a FAO Brasil, órgão das Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 28% dos alimentos se perdem no processo de produção agrícola e mais 28% são jogados no lixo após chegarem às casas dos consumidores. Por aqui, 60% do lixo doméstico é resto de comida, que poderia ser aproveitada. No mundo todo cerca de 1,3 bilhão de toneladas de comida são descartadas por ano, enquanto quase 800 milhões de pessoas passam fome.
A embaixadora da campanha no Brasil é a nutricionista Valéria Paschoal, que é diretora do Centro de Nutrição Funcional VP. Segundo ela, “é preciso entender quais hábitos poderiam ser alterados para que possamos cuidar da nossa saúde e também da saúde do nosso planeta”. E as mudanças são simples, basta ter um pouco mais de atenção no que se compra e no que é feito com isso: “em primeiro lugar, faça uma lista com os alimentos que você pretende comprar, depois garanta que todos esses alimentos sejam preparados ao longo da semana e em quantias que sejam consumidas, não faça mais comida do que costuma ser consumido na sua casa e saiba que elas estragam rápido e em terceiro lugar, não coloque no prato uma quantidade maior de alimentos do que irá consumir”.
Entre as principais causas do desperdício excessivo de alimentos, estão alguns hábitos errados dos consumidores, que podem ser facilmente corrigidos, entre elas estão a falta de planejamento das compras, o armazenamento inadequado em nossas casas e o não-aproveitamento de partes dos alimentos que são próprias para o consumo. A campanha promovida pelo Grupo Compass, que presta serviços de alimentação e suporte, tem o apoio do CFN, Conselho Federal de Nutrição, que formulou algumas dicas para os consumidores que querem reduzir o desperdício.
Comprar
– Tome cuidado ao manusear as hortaliças. Não se deve pôr itens mais pesados em cima delas;
– Vá ao mercado com mais frequência para evitar grandes estoques em casa;
– Compre de produtores locais.
Conservar
– Armazene corretamente os alimentos. Existem hortaliças que devem ser mantidas em ambientes secos e arejados. Outras, guardadas na geladeira. Congelar alimentos também é uma opção caso vá demorar a consumi-los;
– Antes de armazenar, limpe o alimento e remova as partes escuras, podres ou danificadas;
– Algumas hortaliças devem ser lavadas antes de refrigeradas. Outras, somente quando forem consumidas.
Aproveitar
– Há deliciosas receitas com talos, folhas de verduras, cascas de frutas e legumes orgânicos;
– Use as sobras limpas de refeições anteriores. Sugestão: faça farofas, sopas, tortas ou mexidos.
Ainda de acordo com a nutricionista, Valéria Paschoal, “no Brasil não temos o hábito de consumir as sementes, os talos e mesmo as folhas de alimentos como a cenoura, que na maioria das vezes nem chegam às nossas casas, essas folhas são muito mais nutritivas do que a parte mais comumente consumida. Por exemplo, no agrião temos 50mg de cálcio, enquanto nas folhas de cenoura, temos 500mg, e mais fitoquímicos, que auxiliam nos processos de destoxificação. Essa folha pode ser cozida, pode ser refogada e entrar no feijão, pode virar um pesto ou até um patê. Outro exemplo, as sementes da abóbora, que costumamos jogar fora têm de 7 a 10 vezes mais ferro e zinco do que a própria abóbora, o zinco está ligado à fertilidade, essas sementes podem ser assadas e virar um snac para crianças, que estarão consumindo 44 vezes menos sódio do que em uma porção de batata frita ultraprocessada”. Com essas mudanças, o planeta agradece e a sua saúde também.
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