Foi mais difícil comprar aquela “gelada” no fim de semana? Em bares, supermercados e conveniências de Campo Grande a falta de algumas marcas da bebidas tem chamado atenção de consumidores. São produtos nas versões em lata e/ou vidro, como cervejas e refrigerantes. Conforme comerciantes, a escassez dos itens, que inclusive estão sendo vendidos por preços mais altos, é reflexo da falta de matéria-prima para produção de embalagens.
Este ano, várias indústrias têm sofrido com o desabastecimento de insumos para embalagem, tanto a indústria de plástico, como de alumino. De alumínio, inclusive, a Abrasel identificou ser um problema mundial de desabastecimento que deve normalizar só ano que vem. Com isso, a gente já percebe falta de alguns produtos, como refrigerantes e cerveja em lata”, destaca o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) de Mato Grosso do Sul, Juliano Battistel Kamm Wertheimer.
A situação é observada pelos clientes. “Fui ao mercado de uma grande rede e percebi que não tinha a cerveja que eu costumo beber no freezer. Na hora não pensei que pudesse ser falta do produto em si, mas conversando com um amigo, ele comentou que também não tinha encontrada a cerveja da mesma marca em outro mercado”, comenta o representante comercial Alexandre Júnior, de 26 anos.
Quem trabalha com a venda do produto confirma a falta e diz ainda que a situação pode ser reflexo da pandemia do novo coronavírus. “Falam [os fornecedores] que está faltando alumínio, tampinha, e que as fábricas pararam um período durante a pandemia. Com o verão chegando, o consumo aumentou e faltam bebidas de todas as empresas”, revela Airton Haerter, dono de conveniência na região da Avenida Tiradentes, no Bairro Taveirópolis.
Para o comerciante, caso o problema continue, os reflexos serão ainda maiores no fim do ano. “Realmente é um perigo muito grande chegar no Natal e não ter cerveja”, pontua.
A situação já tem impactado o preço das bebidas. “Tem uma cerveja que eles lançaram a R$ 2,16, mas dois meses está saindo a R$2,35 o preço de custo dela”. Para evitar repassar o valor ao consumidor, Airton conta ter apelado para diminuir seus ganhos. “Estou tendo que diminuir a margem de lucro e investindo em promoções para não ter que repassar”, conta.
Mas não são todos os lugares que conseguem segurar o aumento. A diarista Elza Menegão, de 52 anos, afirma ter sentido preços mais altos. “Sou consumidora há muito tempo e notei que subiu o preço nessa época de calor. Antes eu pagava R$ 5 na garrafa e agora estou pagando 6,50”, afirma.
Turismo – No interior do Estado, a falta de bebidas provoca impacto até mesmo em cidades turísticas. Em Bonito, por exemplo, a 257 quilômetros da Capital, cervejas e refrigerantes chegaram a faltar em balneários, conforme o presidente da Abrasel.
“Eles consomem bastante, principalmente nos balneários, produtos enlatados. Isso para não ter risco de quebrar uma garrafa e haver o descarte de vidro na natureza, por isso, o alumínio é mais aconselhado e eles estão sentindo um certo desabastecimento em alguns tipo de produtos”, afirma Luciano.
Para o representante da Abrasel, além da falta de produtos para embalagens, o calor contribui para uma maior procura por bebidas.
“Fim de ano sempre tem demanda redobrada em todo o Brasil e nós que ficamos no interior ficamos desfavorecidos em relação ao litoral”, conclui.
Em setembro, relatório do banco Credit Suisse apontava que o preço da cerveja de algumas marcas teria alta de 5% em comparação com agosto e atribuía à escassez de alumínio e garrafas de vidro retornáveis, segundo informação do Valor Pro, serviço de informação sobre o mercado.
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