AGRESSÃO EM ESCOLA

Aluno que bateu em professora se diz 'arrependido'

O advogado Diego Valgas, que defende o adolescente de 15 anos que agrediu a professora Márcia Friggi, de 51 anos, afirmou neste domingo (27) que o jovem deve se apresentar em audiência na próxima terça-feira (29). O caso aconteceu na segunda-feira (21) em uma escola de Indaial, no Vale.

A Justiça determinou na sexta-feira (25) a internação provisória do jovem. No entanto, ele não foi localizado. O advogado afirma que ainda não foi oficialmente notificado da decisão da Justiça. "Ele irá se apresentar espontaneamente na audiência terça, às 14h, havendo ou não ordem de internação provisória", afirmou Valgas.

Em entrevista ao Fantástico deste domingo, o garoto reafirmou o que disse à polícia. "Quero mostrar para as pessoas que eu não sou um monstro. A única coisa que tenhoa dizer é que estou bastante arrependido. Isso não deveria ter acontecido"

A mãe dele contou que o menino vivenciou episódios de violência doméstica em casa. "Ele via o pai chegar bêbado batendo, me espancando. Ele chegou a apanhar do pai várias vezes, não foi só uma vez. Acho que tudo isso mexe com ele, com certeza", disse a mãe, hoje separada, com quem o adolescente vive em Santa Catarina.

A professora, que ainda se recupera em casa, diz que pretende voltar às salas de aula: "Em respeito aos meus bons alunos, porque eu tenho muitos bons alunos, carinhosos, respeitosos. Por eles e pela educação eu volto, se meu olho voltar a brilhar. Hoje ele está fechado, mas se ele voltar a brilhar, eu volto", disse Márcia.

'Casa de parentes'

O advogado informou que o adolescente foi para a casa de parentes na região de Indaial, após ter sofrido ameaças. O defensor classificou a medida como "um ato lamentável que traria consequências irreversíveis".

A internação foi pedida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Segundo a promotora Patrícia Dagostin, o adolescente se apresentou nesta sexta à promotoria com seu advogado, mas não quis falar sobre a agressão e manteve a versão dada à polícia. "O Ministério Público considera que conduta dele é grave. As fotos revelam como a professora ficou, não bastasse isso, ocorreu dentro do ambiente escolar. Há um histórico de reiteração de agressões", disse a promotora ao G1.

Histórico de agressões

A promotora protocolou o pedido de internação pelo prazo de 45 dias, enquanto não for concluído o processo. Ainda de acordo com Patrícia, o adolescente é acompanhado desde abril do ano passado, quando agrediu um colega. Em dezembro, foi registrada uma agressão dele contra a própria mãe, com quem mora. Em abril deste ano, foi registrada uma tentativa de agressão contra um representante do Conselho Tutelar, disse.

"Foi dado todo aparato de assistência a esse jovem, já havia sido aplicada a prestação de serviço comunitário, por conta da agressão ao colega. A avaliação é de que isso não consegue fazer com que ele pare com os delitos de violência", disse a promotora.

Segundo o advogado que defende o adolescente, "nada justifica o pedido de internação provisória". "Seria correto tirar um menino da sala de aula e colocá-lo numa verdadeira escola do crime, como qualquer presídio ou CIP? Sou contra qualquer tipo de agressão, e tenho profundo respeito pela classe dos professores", afirmou o advogado na sexta-feira.

Discussão por livro

A agressão ocorreu por volta das 10h20 desta segunda-feira, de acordo com o B.O. A professora disse à polícia que chamou a atenção do aluno por ele estar com o livro debaixo da mesa e, com o objetivo de fazê-lo focar mais na aula, pediu que ele colocasse a publicação em cima da mesa. Em seguida, o estudante ficou alterado e disse para a professora "se f...".

Diante disso, segundo o B.O., ela pediu que o aluno fosse para a sala da direção. Antes de ir, ele jogou o livro em direção a ela, na frente dos demais estudantes. Ao chegar à direção, o adolescente negou o ocorrido, exaltou-se e chamou a professora de mentirosa. Em seguida, deu socos nela, o que causou uma lesão no olho.

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