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Após confronto, reunião tenta por fim a bloqueio e solucionar problema da falta de água

Reunião no MPF tenta por fim a protesto e solucionar problema com a falta de água - Crédito: Osvaldo Duarte/Dourados News Reunião no MPF tenta por fim a protesto e solucionar problema com a falta de água - Crédito: Osvaldo Duarte/Dourados News

Após ação de policiais militares do Choque que terminou em confronto na quarta-feira (27/11) na Reserva Indígena, uma reunião foi agendada para a manhã desta quinta (28/11) na sede do MPF (Ministério Público Federal), em Dourados, para tentar solucionar o problema. 

Desde segunda-feira, indígenas das aldeias Bororó e Jaguapiru bloquearam a MS-156, rodovia que liga o município até Itaporã, em protesto contra a falta de água na região. 

Ontem, após a ação realizada pela polícia, três pessoas foram encaminhadas à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), duas delas ouvidas e liberadas, enquanto outro rapaz acabou autuado em flagrante por dano ao patrimônio público. Ele teria danificado uma viatura. 

Uma motocicleta e um trator, usado durante o bloqueio da via também acabaram apreendidos.   

Ontem, pelo menos duas indígenas precisaram de atendimento em hospital após o confronto.

No ato, ocorreram disparos com bombas de efeito moral e balas de borracha realizados pela polícia com intuito de liberar a passagem na rodovia, enquanto os moradores da região resistiram ao despejo e continuam o bloqueio. 

O confronto

Conforme mostrado na manhã de ontem, os policiais militares do Choque entraram na Reserva Indígena e desbloquearam inicialmente a estrada próxima ao Hospital da Missão, onde também havia interdição.

Naquele trecho ocorreu o primeiro confronto diante da resistência da comunidade que busca solucionar o problema da falta de água potável aos moradores, que dura anos.

Mais tarde, a tropa se deslocou até a MS-156 na tentativa de acabar com o bloqueio, porém, houve reação e o clima de tensão tomou conta do local, resultando em pessoas feridas. 

Negociações

Na tarde de terça-feira (26/11), um boletim de ocorrência foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Dourados tendo como vítima a ‘coletividade’. 

De acordo com a denúncia, durante as negociações, lideranças disseram ter acordado para a oferta de quatro cargas d’água em carros pipa pela Sanesul e outras duas autorizadas pela prefeitura de Itaporã para colocar fim à interdição. 

Porém, segundo o registro policial, a medida foi levada a discussão entre os indígenas, que não aceitaram a proposta, incluindo a intenção de inflamar os populares por parte de um dos envolvidos.

O caso foi registrado como ‘atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública’. 

Em entrevista à imprensa na manhã de quarta, durante a abertura do Fórum de Mudanças Climáticas, em Campo Grande, o governador Eduardo Riedel (PSDB) disse que o Estado não pode ficar refém de interesses políticos, lembrando do acordado na tarde de ontem, desfeito após o pronunciamento de um dos líderes.  

“O Estado ele não pode ficar refém de interesses políticos dentro da comunidade indígena”, afirmou. 

Protesto

Desde a manhã de segunda-feira, manifestantes permanecem no local e exigem soluções definitivas para a escassez hídrica nas aldeias Bororó e Jaguapiru. O problema é antigo, porém, nunca foi solucionado. 

Em entrevista ao Dourados News no primeiro dia de bloqueio, o capitão Ramão Fernandes, cobrou ações como a perfuração de poços artesianos e o envio diário de água, até que os poços estejam prontos. 

“Queremos um compromisso formalizado, com contrato assinado, garantindo a perfuração dos poços. Não vamos aceitar promessas vazias novamente”, afirmou o líder indígena.

Diferentemente de protestos anteriores, quando a rodovia era liberada em intervalos, desta vez o bloqueio é total e contínuo, impossibilitando o trânsito.

Fernandes ressaltou que a decisão de manter a via fechada por tempo indeterminado reflete o estado crítico enfrentado pelas comunidades, que sofrem há mais de cinco anos com a falta de água potável.

“A situação é insustentável. Não temos água para nossas famílias, e até os animais estão morrendo de sede. Este protesto é nossa última alternativa para sermos ouvidos pelas autoridades”, concluiu.

Direito constitucional

Em nota distribuída à imprensa após o confronto, a Sejusp alega que os policiais militares agiram para “garantir os direitos constitucionais” após esgotadas todas as vias de negociação com os líderes do movimento. 

A ação contou com apoio do Corpo de Bombeiros e da Agesul, que deram suporte. 

“A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira (27) para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndios nas pistas. As forças de segurança manterão efetivo para garantir paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas politico-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito. Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos”.
 

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