Há 34 anos, padaria no Coophasul é local sagrado para quem busca melhor pão do bairro
A padaria Trevo, com 34 anos de história no Coophasul, tem o pão fresquinho como ingrediente suficiente para despertar o interesse da freguesia. Às 5h15 o local já está de portas abertas e tem cliente esperando o pão do dia. Mas quando há atenção no olhar fica nítido o valor que os donos dão ali para a história da família, que deixa o lugar mais interessante.
O Lado B resolveu percorrer algumas padarias da periferia de Campo Grande para conhecer histórias e o que torna o estabelecimento sagrado para os clientes do bairro, detalhes que vão além do pão recém saído do forno.
Resolvemos começar com a padaria onde os donos vendem salgados, bolinhos de chuva e torta que saíram direto do caderninho de receitas de uma das mulheres da família, dona Yolanda, já falecida. A proprietária Lenir Moraes, de 67 anos, lembra que foi a mãe que ensinou uma das receitas prediletas dos clientes na vitrine. “A torta de sardinha. Toda semana a gente faz”, conta.
Além da torta, o bolinho de chuva vendido em saquinhos, a cueca virada e os salgados bem rechonchudos também ficaram como lembrança de dona Yolanda. “E os salgados sempre foram muito bem recheados, esse é nosso diferencial também”, explica Lenir que fundou a padaria ao lado do marido, Valter Gomes, que fica diariamente comandando o caixa.
Os dois ficam na linha de frente do local, que tem, além das receitas, algumas relíquias. A principal delas é um armário de madeira no canto da padaria que até parece tirado de alguma loja de móveis rústicos da cidade. Mas o que poucos sabem é que foi feito pelas mãos de Valter.
O armário tem ainda mais valor porque foi feito com a madeira da 1ª casa da família na fazenda, na região de Terenos. Parte da residência foi demolida e Valter aproveitou a madeira, peroba rosa, para produzir móveis rústicos que Lenir adora. “Essa madeira você não encontra mais. Tem mais de 100 anos”, explica a esposa.
O móvel guarda as principais relíquias da padaria, uma coleção de xícaras e jogos de chá que são o maior xodó de Lenir. Há anos ela coleciona peças em porcelana e cuida de cada item como tesouro. Ela não liga que tire fotografia ou pergunte sobre as peças, mas deixa claro: “Não está à venda”. Muita coisa foi ela que comprou, mas algumas peças foram presentes dos próprios amigos e clientes.
Para provar que a padaria é um ponto de relíquias, Lenir faz questão de falar do quadro de funcionários. “Aqui todo mundo é antigo, meu padeiro está comigo desde o início”, diz se referindo a Adalto, que entrou na Trevo quando tinha 14 anos e nunca mais saiu. “Ele não vai largar de mim, o dia que ele largar eu fecho. Eu falo pra ele que ele casou comigo”, diz dando risada.
A padaria com 34 anos de história começou na Euler de Azevedo, em poucos anos a família mudou-se para a Rua Afonso Acunzo bem de esquina com a Atílio Banduci, conhecida no Coophasul. Desde então permaneceram no local, que já foi reformado e ganhou decoração feita por Lenir. “Até pensamos em abrir outra, mas eu prefiro ter uma e servir meus clientes bem do que cair na qualidade”, afirma a dona.
Feliz com o movimento, ela não pensa em parar tão cedo, porque mais do que lucro, ela e Valter colecionam histórias e tem a freguesia como família. “Tem gente que vem desde pequenininho”.
A padaria abre todos os dias e fica na Rua Afonso Acunzo, 118, no Coophasul.
Alguma padaria do seu bairro tem história ou receita que merece ser contada? Mande sua sugestão no WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563 (chame aqui).
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Comentários