Benefício concedido pelo governo federal para reduzir danos econômicos da pandemia de covid-19, o auxílio emergencial não foi capaz de superar a perda acumulada de rendimento de cinco unidades federativas do Brasil no primeiro semestre de 2020, segundo estudo publicado por economistas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
O levantamento indica que São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul não tiveram perdas que foram compensadas, enquanto o repasse suplantou déficit de rendimentos dos outros 22 estados do Brasil nesse período.
Apesar disso, conforme noticiado pelo Campo Grande News, pesquisa feita pela Febrafite (Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais) com dados de julho e agosto indica que o Estado arrecadou R$ 145,7 milhões a mais no segundo semestre de 2020, em relação ao ano passado - a variação foi a 8ª maior em todo o País.
No primeiro semestre - Os estados onde o benefício não repôs as perdas na renda têm um menor número percentual de pessoas cadastradas em programas sociais, segundo o Costa. "Ocorre o contrário no Norte e Nordeste, onde o cadastro inclui um número maior de beneficiários de programas sociais", afirmou.
Ele diz que o "desenho do auxílio" deveria ter sido aperfeiçoado, já que muitos informais sequer conseguiram acesso à ajuda emergencial.
Segundo o estudo, em valores agregados, o Brasil no total teve perda acumulada de R$ 66,8 bilhões na massa de rendimentos no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período em 2019, ao passo em que a compensação em auxílio emergencial foi de pelo menos R$ 108,3 bilhões apenas no segundo trimestre deste ano.
O valor de renda "perdido" é a soma dos salários de todos os trabalhos das pessoas em determinado período, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No comércio - O cruzamento de dados do auxílio com o resultado do comércio identifica que a liberação de um volume maior do benefício influenciou na recuperação dos estados.
Enquanto Distrito Federal e Rio Grande do Sul ainda não recuperaram o nível pré-crise, e São Paulo teve apenas um crescimento tímido, estados como Espírito Santo e Mato Grosso do Sul observaram, mesmo que não muito grande, um aumento no varejo.
Apesar disso, estados do Norte e Nordeste tiveram um boom muito maior nesse setor, catapultados pelo auxílio governamental. De acordo com pesquisador da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Daniel Duque, esses locais foram mais afetados no mercado de trabalho, já que têm muitos empregos concentrados no setor informal, e por possuírem população mais vulnerável em na atividade econômica, comparado às demais localidades do Brasil.
"Tivemos uma compensação muito grande da renda nessas regiões em que havia parcela menor de rendimentos", explicou o pesquisador à Folha de S. Paulo.
Um estudo do economista, inclusive, apontou que os 30% mais pobres do país tiveram aumento de renda em relação a 2019 graças ao auxílio emergencial. "Os estados mais pobres tiveram um ganho de renda e estão com mais recursos".
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