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Barulho de celular fez pastor esfaquear grávida

Jorge de Souza Valdez, 44 anos, foi autuado por feminicídio na forma tentada e aborto sem o consentimento da gestante

Mulher sendo socorrida ao chegar ferida no Hospital Auxíliadora (Foto: Alfredo Neto / Site JP News) Mulher sendo socorrida ao chegar ferida no Hospital Auxíliadora (Foto: Alfredo Neto / Site JP News)

Barulho de celular fez o pastor Jorge de Souza Valdez, 44 anos, esfaquear no pescoço a mulher de 41 anos, grávida de 28 semanas. Foi realizada uma cesárea de emergência devido a gravidade dos ferimentos e risco fetal. O bebê nasceu vivo, mas morreu 3 horas depois. A vítima continua internada no Hospital Auxiliadora em estado grave.

O caso aconteceu na madrugada de ontem (10), na Rua Copaíba, em Três Lagoas, no apartamento onde o casal vivia, com as duas filhas do primeiro casamento da vítima. Os dois moravam juntos há pouco mais de 6 meses, segundo relatos de vizinhos à polícia. Jorge foi autuado por feminicídio na forma tentada e aborto sem consentimento da gestante. Ele trabalha como pedreiro, mas disse em depoimento que também é pastor na igreja “Resgatando Vidas para o Reino de Deus”.

Briga - Conforme o auto de prisão em flagrante, Jorge contou que por volta das 16h30 de segunda-feira (9) foi buscar a esposa na casa da mãe dela. Ao entrar no carro (GM Corsa), a vítima não gostou que o interrogando sujou o banco com as ferramentas de trabalho dele. O carro pertence a mulher. Os dois , então, acabaram se desentendendo.

Ao chegar em casa, continuou descrevendo Jorge, a vítima continuou aborrecida por causa da situação. Mesmo assim, os dois foram para a igreja e ao retornarem, a mulher reclamou novamente do banco que ele havia sujado.  Por volta de 1h, segundo o interrogando, se preparava para dormir, mas a esposa ainda mexia no celular, no Facebook. Ele, então, ficou irritado com o barulho, disse para a mulher parar de usar o aparelho e tomou o objeto da mão dela.

Discussão - Segundo o pedreiro, os dois discutiram mais uma vez e a mulher ficou alterada dizendo para ele “comer o aparelho”. Durante a discussão, segundo o interrogando, pensou em ir para o banheiro, mas viu a mulher indo até a cozinha. Ao achar que a vítima ia pegar uma faca, Jorge pegou o utensílio primeiro. Com medo, a vítima chegou a correr para o quarto, mas ele foi atrás e desferiu dois golpes no pescoço dela, a deixando toda ensanguentada.

Jorge, então, colocou a mulher na cama e ficou desesperado, pensou em cometer suicídio o golpeando no ombro direito, mas acabou quebrando o cabo da faca. Após a agressão, o autor ainda disse para a esposa: “Olha o que você fez eu fazer?”  Enquanto isso, as duas filhas menores de idade da vítima estavam em outro quarto dormindo. Ele, então, resolveu socorrer a esposa por meios próprios até o hospital, mas quando saía de casa se deparou com um vizinho, que na sequência acionou a polícia.

Pedido de perdão - O interrogando disse que durante o trajeto, a vítima não perdeu a consciência em momento nenhum. A esposa, disse Jorge à polícia, chegou a dizer que iria morrer,  pensou no bebê do casal que esperava e pediu perdão por ter irritado o esposo. Ele também, contou, pediu perdão à mulher.

No hospital, a vítima foi submetida à cirurgia cesárea de emergência devido a gravidade dos ferimentos, mas o bebê não resistiu e acabou morrendo às 6h30. Era um menino. Na casa do casal, foram apreendidas duas facas sujas de sangue. Também foi realizada perícia no carro da vítima, usado pelo marido para transportá-la até o hospital.

"Ignorância" - Ao ser preso, Jorge disse à Polícia Militar que o crime havia ocorrido “por motivo fútil,  por pura ignorância dele.  O caso segue sob investigação da Dam (Delegacia de Atendimento à Mulher) do município. Por causa dos ferimentos, Jorge também recebeu atendimento hospitalar e após alta foi preso em flagrante. Ele está preso no Estabelecimento Penal de Segurança Média da cidade.

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