FUGA EM MASSA

Brasil bloqueia fronteira com Paraguai no Mato Grosso do Sul após fuga de 76 presos

Governo brasileiro também pediu lista de fugitivos às autoridades paraguaias. Grupo estava preso em Pedro Juan Caballero, cidade de fronteira que faz limite com Ponta Porã (MS).

O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, neste domingo (19), o bloqueio da fronteira entre Brasil e Paraguai no trecho que corresponde ao Mato Grosso do Sul. Mais cedo, a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça chegou a informar que a fronteira havia sido fechada, mas depois corrigiu a informação.

O bloqueio é motivado pela fuga de 76 integrantes de uma facção brasileira que estavam na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na madrugada de domingo. A cidade fica na fronteira com Ponta Porã (MS). Segundo o governo paraguaio, há cidadãos dos dois países entre os fugitivos.

A ação determinada pelo ministro Sergio Moro é um reforço de policiamento com helicópteros e barreiras. "Isso é chamado pela polícia de bloqueio, mas a fronteira não está fechada no MS. Brasileiros e paraguaios continuam podendo ir e vir", informou a assessoria.

De acordo com o ministério, ainda não é possível dizer se a fronteira também será bloqueada no Paraná. Isso só acontecerá se houver um pedido do governador do estado, Ratinho Junior (PSD) – a exemplo do que fez o governo do Mato Grosso do Sul.

Até as 19h, nenhum dos países havia divulgado informações sobre a recaptura dos fugitivos.

O governo brasileiro também pediu ao Paraguai a lista com os nomes dos 76 integrantes do grupo. Segundo a Secretaria de Operações Integradas do ministério, equipes da Operação Hórus, que combate o contrabando em regiões de fronteira, foram alertadas.

Antes de decidir pelo bloqueio da fronteira, o ministro Sérgio Moro já tinha afirmado que o governo federal estava trabalhando junto com os estados para impedir a entrada dos detentos no Brasil.

A ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Perez, informou pela manhã que 91 presos conseguiram escapar da prisão por volta das 4h (3h, em Ponta Porã) e disse que eles são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Mais tarde, a procuradora Reinalda Palacios declarou que o número de fugitivos foi atualizado para 75, de acordo com o jornal "ABC Color". O número passou para 76 no fim da tarde.

Uma lista de foragidos brasileiros e paraguaios foi divulgada pelo Ministério da Justiça. Entre eles, estão o brasileiro Timóteo Ferreira, apontado como líder da facção dentro do presídio, e seis supostos integrantes do grupo de matadores de aluguel ligados ao tráfico "Minotauro". Eles atuam na fronteira e na semana passada buscavam deixar a prisão com uma ordem judicial.

Fuga na madrugada

O Ministério Público informou que vídeos das câmeras de segurança do presídio mostram uma movimentação intensa desde as 4h deste domingo. Para a promotora, é impressionante que os guardas não tenham agido diante das imagens que tinham à disposição.

Cinquenta dos detidos estavam em um piso superior e 25 no inferior, onde o túnel foi cavado. Para ter acesso ao piso inferior, os detentos devem passar por um portão, que deve permanecer trancado.

O que chamou a atenção dos promotores foi que esse portão estava trancado no momento em que Ministério Público foi visitar o local após a fuga.

As autoridades paraguaias investigam se houve uma rede de corrupção que facilitou a fuga. A ordem de captura dos foragidos deve ser emitida em algumas horas. Até a última atualização dessa matéria, nenhum deles havia sido recapturado.

Segurança do lado brasileiro

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Mato Grosso do Sul informou que está em contato com as autoridades paraguaias. O policiamento em Ponta Porã e Dourados, maior cidade da região e possível destino de fugitivos, foi reforçado com equipes da Polícia Militar e da Polícia Civil.

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