Brasil

Brasil é campeão em juros do cartão de crédito

cobrada dos consumidores brasileiros que não pagam o valor total da fatura do cartão de crédito chega a 475% ao ano, de acordo com o Banco Central. Esse percentual, também conhecido como rotativo do cartão, é um dos principais fatores do endividamento das famílias.

Já estudo divulgado pela Proteste (Associação Brasileira de Consumidores) aponta a incômoda liderança do Brasil na cobrança de juros de cartão de crédito em comparação com outros seis países - Argentina, Chile, Colômbia, Peru, México e Venezuela.

De acordo com a pesquisa, os brasileiros pagaram em setembro 436% de rotativo na média anual. O Peru aparece em seguida, com a cobrança de 43,7% no mesmo período.

Na sequência aparecem a Argentina (43,29% na média anual), a Colômbia (30,45% de média cobrada), a Venezuela (29%), o Chile (24,90%) e, por fim, o México (23% - os dados são referentes a dezembro de 2015).

Para o levantamento, foram considerados os dados oficiais dos bancos centrais de cada país e o mesmo período, setembro de 2016. Foram comparados dados de 108 cartões de crédito de 12 instituições financeiras.

Patamar altíssimo

Na avaliação do diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, "nada justifica o patamar altíssimo das taxas do rotativo no Brasil".

O especialista defende que o Banco Central reduza a taxa Selic – que serve de referência para os juros cobrados pelos bancos – e também o compulsório, pelo qual as instituições financeiras são obrigadas a depositar parte dos recursos captados dos clientes em uma conta no BC.

O diretor da Anefac ressalta que a liberação do FGTS como garantia pode gerar impactos positivos nas taxas de juros do cartão.

"O cartão de crédito rotativo tem uma inadimplência de 40%. Então, o governo pode melhorar a garantia. Se o governo permitir ao consumidor usar o FGTS como garantia, isso pode refletir nas condições."

Miguel José de Oliveira pondera, no entanto, que o Brasil só terá taxas de juros "civilizadas", comparáveis a outros países (entre 10% e 20% ao ano), com o equilíbrio das contas públicas. "O que precisa é que a economia volte aos trilhos.

Que tenhamos taxas de juros menores, que o governo gaste apenas aquilo que ganha, que tenhamos uma inflação comportada. Só isso vai permitir que tenhamos taxas mais civilizadas no Brasil, em consonância com o que acontece em outros países."

Comentários