Diferente dos Estados Unidos e Inglaterra que têm recebido dezenas de denúncias sobre pessoas que se vestem de palhaço para assustar outras, a Polícia Civil de Campo Grande ainda não registrou esse tipo de ocorrência. Parece brincadeira, mas agir de forma intencional e colocar a vida de outras pessoas em risco pode resultar em crime.
A brincadeira de mau gosto é conhecida como o fenômeno: "Clown Apocalypse", Apocalipse dos Palhaços, traduzido do inglês. As aparições também seriam um tipo de lenda urbana, que a princípio aterrorizou nos estados de Carolina do Sul, Kentucky, Indiana e Kansas, nos Estados Unidos, mas agora está se proliferando pelo mundo.
Diversos palhaços já foram flagrados no Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, Inglaterra, e até em São Paulo, no Brasil.
O delegado Wilton Vilas Boas de Paula, da Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), explica que não há crime para quem deseja se vestir de palhaço e sair andando pelas ruas. Afinal, os circos são os maiores exemplos de que esse tipo de fantasia é, inclusive, uma profissão. Porém, o problema tem início, quando de forma intencional um indivíduo se "esconde" atrás de uma fantasia para atacar pessoas, ou vítimas específicas. Por exemplo, negros, mulheres, homossexuais ou nordestinos. Nesse caso, os crimes são de lesão corporal, tentativa de homicídio e até homicídio.
Para as "pegadinhas", não existe um crime, porém o indivíduo pode responder pelo excesso, como citado no Art. 132 do Código Penal: "Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente". A pena é de três meses a um ano, de detenção se o fato não constitui crime mais grave.
"A pessoa assusta sai correndo e é atropelada. Não tinha intenção de causar um mal, mas o excesso provocou o acidente, e o 'fantasiado' responderá pelo crime", explica o delegado.
A vendedora Karoline Araújo, de 20 anos, afirmou em uma publicação no Facebook que avistou na madrugada desta quarta-feira (12), uma pessoa fantasiada de palhaço, atrás do Terminal Júlio de Castilho. Segundo a postagem, o personagem estava com uma lanterna na mão.
"Gente quem está fazendo essa brincadeira do palhaço é um sem coração , acabei de me deparar com um agora de madrugada atras do terminal Júlio de castilho , ele estava com uma lanterna e parado no meio da rua , eu não sabia se atropelava ou se voltava , consegui voltar correndo com a moto (sic)", publicou.
Ao Jornal Midiamax, Karoline disse que voltava de uma festa da casa de amigos, quando avistou um homem muito alto de costas no meio da rua. "Como não enxergo muito bem de longe e a rua estava escura imaginei que fosse um policial, mas de repente ele se virou e acendeu uma lanterna em minha direção e em seguida virou para o rosto dele e começou a sorrir. Ele usava roupa e cabelo coloridos", relatou.
A jovem ressalta que outro motociclista também foi surpreendido pelo homem. "Consegui retornar e quando um segundo motociclista entrou na rua, eu o segui para ver se era verdade e ele também foi surpreendido. Estou apavorada e sem conseguir sair de casa. Tenho fobia a palhaço", finalizou.
Uma foto de pouca resolução postada em uma fan page, também na madrugada de quarta mostra um palhaço supostamente no canteiro da Avenida Júlio de Castilho, em frente em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A postagem assusta, pois a localização é praticamente idêntica e fácil de se confundir, mas não fica em Campo Grande. A foto mostra a esquina da Avenida Aeroporto e parte das grades da igreja e na realidade são totalmente diferentes. Ufa!
Existe uma palavra que embora não seja reconhecida pelo Dicionário Inglês Oxford, ou por manuais de psicologia, se refere diretamente ao medo patológico de palhaços: Coulrofobia.
Lembrando que a Deops fiscaliza e regulamenta atividades que geram lucro, como o funcionamento e organização de shows, atividades do comércio, inclusive circos. Casos como estes, serão encaminhados à delegacia da área.
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