ARTIGO

Caixa d´água não é luxo. É necessidade

Madson Valente - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News/Arquivo Madson Valente - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News/Arquivo

 Discorrer sobre questões hídricas será algo cada vez mais presente em nosso cotidiano, diante do desafio mundial de garantir que este mineral vital possa ser acessível para toda humanidade, visto que por séculos um em cada três habitantes do mundo padecem por falta de água, representando 2,1 bilhões de pessoas.

Por ser algo que fere a dignidade humana, caberá a sociedade exigir que se estabeleça políticas públicas, proporcionando maior eficiência nas gestões dos recursos hídricos disponíveis, fazendo investimentos em tecnologia e investindo em campanhas de conscientização para mudanças de posturas, culturas e comportamentos.

Neste cenário por sermos um país tropical, por termos as maiores bacias hidrográficas do mundo e por determos o maior percentual de água doce do planeta, muitos poderiam imaginar que nossa situação é de conforto hídrico, entretanto embora tenhamos os maiores aquíferos superficiais e subterrâneos sabemos que as águas do Brasil estão mal distribuídas, sendo que as regiões mais populosas já convivem com os rodízios semanais de abastecimento, enquanto a região norte possui a maior reserva de água, em contrapartida tem baixa densidade populacional e a região sudeste ao contrario.

É evidente que a escassez hídrica possa ser sentida em todas as regiões do mundo, pois além da disponibilidade do recurso água é necessário que se tenham sistemas para operação, que requerem investimentos e que estes estão suscetíveis para variadas situações, pois não há sistemas que sejam plenos.

Nesse diapasão saímos de uma análise de uma conjuntura mundial para uma reflexão da questão local, que visa promover, desafiar e provocar para uma mudança de cultura, que também se arraigou em padrões de comportamentos equivocados.

É notório que como qualquer sistema, seguimos rotineiramente no propósito de dar eficiência a nossa produção, adução, reservação, tratamento e distribuição de água, que tais obedecem uma dinâmica complexa que envolvem inúmeros colaboradores, que também desenvolvem serviços de manutenções corretivas e preventivas dos variados sistemas hidráulicos e que laboram de forma ininterrupta. De tal forma que até o momento que a água seja disponibilizada ao cavalete de sua residência, que esta passa por um longo e rigoroso processo de acompanhamento de qualidade.

Em Dourados a Sanesul está aplicando tecnologias utilizadas pelas grandes empresas do setor, importando instrumentos que possam contribuir para que consigamos estender ainda mais a nossa segurança hídrica. Estamos instalando válvulas redutoras de pressões, com propósito de definirmos uma pressão média equânime para todo perímetro urbano, garantindo com que todos os nossos clientes tenham abastecimento dentro de pressões e padrões definidos pela ABNT. ( Associação Brasileira de Normas Técnicas), cuja associação recomenda reservatório interno para situações de imprevistos com capacidade para suportar ausência de abastecimento
por até 24h.

Importante chamar atenção que todo macro sistema se complementa quando os seus consumidores, neste caso com os seus micro sistemas também possuam obediência técnica, que construa internamente em seus imóveis reservatórios internos (caixa d´água), visto que os macro sistemas necessariamente precisam rotineiramente passar por manutenções de ordem preventiva e corretiva e que para isso se tornam necessárias as interrupções temporárias.

Em Dourados nós implantaremos através das válvulas redutoras de pressões, no período noturno, pressões mínimas, possivelmente entre as 22h e 05h, visando evitar que neste intervalo, responsável pela maior incidência de vazamentos devido ao baixo consumo, que diante de pressões excessivas, rompem tubulações e danificam vias e passeios públicos após serem submetidos as necessárias manutenções.

Não há sistema pleno, sem a contrapartida do usuário, todo equipamento é passível de manutenção, por isso ter uma caixa d´água não é uma questão de luxo e sim uma questão de necessidade, portanto por representar um dos menores custos da construção civil, se torna fundamental que se estabeleça como prioridade e que seja instalada, pois somente assim com ações em comum, com as partes cumprindo aquilo que lhe é atribuição é que poderemos dizer que uma determinada cidade, bairro ou residência não haverá ocorrências de falta de água.

Seja consciente, prudente, preventivo, faça sua parte e com certeza não perceberá as nossas rotineiras manutenções, tenha um reservatório, nem que seja mínimo.


*Geógrafo, professor  e gerente Regional da Sanesul/Dourados. Ex-vereador em Dourados.

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