Campo Grande será a primeira capital do País a ter o programa federal Médicos para o Brasil, que vai substituir o antigo Mais Médicos. Isso porque nove unidades básicas de saúde da cidade vão receber o incremento de aproximadamente 100 profissionais da área, com trabalho voltada para a atenção primária.
O projeto desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – cuja sede é no Rio de Janeiro, mas tem escritórios em outros estados do Brasil – é conhecido como Laboratório de Inovação em Atenção Primária à Saúde.
“Se der certo aqui, vamos levar para outros estados também”, afirmou a diretora da Fiocruz-MS, Jislaine Guilhermino. Além de vagas para médicos, o projeto abrirá a oportunidade para dentistas, enfermeiros e todos os profissionais que integram a equipe multiprofissional de Saúde da Família.
O projeto foi desenvolvido pela Fiocruz e será financiado pelo Ministério da Saúde. O investimento de R$ 78,1 milhões foi divulgado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em julho deste ano, durante agenda na Capital.Conhecido como laboratório, a ação pretende incentivar médicos a fazerem residência em Medicina da Família com salários de R$ 11 mil. “Esse será o diferencial, mas teremos cobranças também”, declarou a diretora, ao destacar que, diferentemente das outras residências, os profissionais receberão mais, porém, terão outras demandas.
DESAFIO
A representante da Fiocruz disse ainda que a maioria dos médicos não se interessa pela atenção básica e não escolhe especialização nesta área. “Quem escolhe atenção primária é por paixão, vocação”, reforçou.
Com o incentivo financeiro, médicos serão tentados a escolher a residência em Medicina da Família e da Comunidade e, consequentemente, resolverão um dos grandes gargalos da saúde básica, a atenção primária. “Se você consegue equipar a tenção primária, lá na frente será desonerado, e isso gera economia”, detalhou.
O problema é que os médicos acabam escolhendo outras especializações e, entre as mais assediadas, está a de cirurgias. Mas esse tipo de especialização não ajuda na prevenção, resultando em cada vez mais defasagem nos atendimentos em unidades básicas de saúde. “O reforço na estratégia de Saúde da Família com profissionais qualificados pode ser resolutivo para cerca de 80% das demandas de saúde”, disse a diretora.
Outro objetivo desse laboratório é de humanizar os atendimentos. A ideia é fazer com que toda a população tenha atendimento de prevenção, evitando-se chegar ao caos que acaba resultando em longas filas de espera de cirurgias e problemas de saúde que se agravaram em decorrência de o paciente não ter recebido bom atendimento primário. “Queremos que o médico acompanhe o paciente nas unidades básicas de saúde, queremos que o paciente ligue e marque consulta sabendo o nome do médico que vai atendê-lo”, acrescentou.
O edital do concurso para os profissionais que vão disputar as 100 vagas será lançado em novembro deste ano. Serão 40 horas semanais de prestação de serviços e os médicos não poderão fazer plantões. A residência será de dois anos. No laboratório, para cada dois residentes, um médico especialista ficará responsável.
Além dos médicos, outros profissionais também terão oportunidade de participar do certame. O projeto prevê também apoio à gestão, resultando em reforma física das unidades. As nove UBSFs receberão pintura nova, bancos almofadados e ambiente climatizado.
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