Dourados superou as projeções feitas por quatro pesquisadores de três universidades brasileiras, segundo os quais as mortes causadas pelo novo coronavírus (Covid-19) no município dobrariam nas duas semanas seguintes ao dia 23 de junho. Naquela data, eram 13 os óbitos. Nesta sexta-feira (3), já são 31.
O número atual de vítimas fatais da pandemia na maior e mais populosa cidade do interior de Mato Grosso do Sul foi divulgado nesta manhã nas redes sociais atribuídas à prefeitura.
Agora, são 2.869 douradenses diagnosticados com a doença, 1.496 deles já considerados recuperados, mas 1.314 em isolamento e 43 internados, dos quais 14 em enfermarias e 29 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Desse total, 2.659 infectados residem no perímetro urbano, 56 nos distritos rurais, e 453 na Reserva Indígena. Há também 36 de outras localidades, que residem em municípios vizinhos, mas fizeram as testagens em unidades locais.
Somente nas 24 horas transcorridas desde a manhã de ontem, foram 58 novos diagnósticos positivos de Covid-19 em Dourados. Sete no drive-thru implantado no 2º GBM (Grupamento de Bombeiros Militar), 13 na Vigilância Epidemiológica, 31 nos testes rápidos, dois na saúde indígena, dois nas internações e três entre funcionários da saúde e segurança pública.
Conforme já revelado pelo Dourados News, relatório técnico elaborado com números contabilizados de 23 de maio a 23 de junho já alertava que a contaminação em Dourados “é exponencial crescente e não dá sinais de recuo”, bem como o número de óbitos poderia dobrar nas duas semanas seguintes.
Esse estudo foi elaborado pelos pesquisadores Marco Aurélio Boselli, da Universidade Federal de Uberlândia, Everaldo Freitas Guedes, doutor e mestre em Modelagem Computacional e Tecnologia Industrial pelo SENAI CIMATEC, Fernanda Vasques Ferreira, da Universidade Federal do Oeste da Bahia, e Fernando Ferraz Ribeiro, da Universidade Federal da Bahia.
Eles chegaram a comparar o caso douradense ao de Manaus, que chegou a registrar 79 óbitos atribuídos à doença em um único dia, 15 de maio, com 96% de taxa de ocupação de leitos hospitalares.
Na divulgação do material científico, Marco Aurélio Boselli alertou que as previsões baseadas em um modelo científico testado com dados do mundo todo “mostra que a epidemia ainda está crescendo em Dourados e com tendência de aumento do número de casos e óbitos para as próximas semanas”.
“Precisamos reiterar que são previsões a partir de um modelo epidemiológico que considera diferentes variáveis. As medidas adotadas e cuidados assumidos pela população podem diminuir o número de casos e, consequentemente, os óbitos. Por outro lado, a falta de medidas mais ostensivas em relação ao isolamento social e cuidados por parte das pessoas podem fazer o número de casos crescer acima do previsto”, afirmou.
Já a professora e pesquisadora Fernanda Vasques Ferreira, da Universidade Federal do Oeste da Bahia, ponderou que esse dado é alarmante e reflete o impacto das reduzidas medidas de isolamento social implementadas em Dourados.
“Analisando os decretos municipais, identifico que não houve medidas de efetivo impacto para reduzir a mobilidade da população e aumentar a taxa de isolamento social”, disse. “Exatos 15 dias após o dia das mães – em que houve ampliação do horário de funcionamento do comércio da cidade e, portanto, tendência de aglomeração - identificamos uma correlação no crescimento da curva de casos de Dourados”, acrescentou.
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