“Então era preciso desver o mundo para sair daquele lugar imensamente e sem lado”, escreveu Manoel de Barros em um de seus últimos trabalhos, “Menino do Mato”. O autor, agora, é a grande inspiração para o Desver – Festival de Cinema Universitário de Mato Grosso do Sul, que este ano homenageia Manoel de Barros em uma edição totalmente on-line, em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
“Nós estamos na segunda edição do festival. Anteriormente, o festival se chamava Cidade Morena – Festival de Cinema Universitário de MS e, agora, alteramos para Desver”, explica o professor do curso de Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Rodrigo Sombra.
A programação gratuita ocorre de 23 a 25 de novembro no formato on-line, com um site hospedando todos os filmes, que podem ser acessados em qualquer horário.
Outra novidade este ano é a inclusão de produções que não são universitárias. “Na primeira edição, o festival foi inteiramente dedicado ao cinema universitário, mas, este ano, a gente ampliou a programação para novas produções. Essa proposta de aumentar a programação surgiu a partir de discussões sobre como seria interessante abrir um pouco mais, incorporar novas produções”, explica Sombra.
A programação do Desver tem curtas brasileiros incluídos nas mostras Panorama Curtas Nacionais 2019-2020, Mostra de Cinema Universitário, Curadoria Estudantil, assim como nas curadorias Desver o Arquivo, voltada a filmes contemporâneos ligados à apropriação de imagens preexistentes, e Mostra Ascuri de Cinema Indígena, retrospectiva com a produção recente da Associação Cultural dos Realizadores Indígenas de MS.
O festival ainda apresenta duas mostras em homenagem aos convidados deste ano, Foco: Cao Guimarães e Foco: Filmes de Plástico.
“Ao todo, serão 38 curtas-metragens, que estarão disponíveis 24 horas no site durante o período de exibição do festival”, frisa.
Oficinas
Em paralelo às sessões de cinema, o Desver incluirá um debate sobre a produção audiovisual em Mato Grosso do Sul e duas oficinas gratuitas.
A primeira oficina, “Ver É uma Fábula”, será ministrada pelo artista e cineasta Cao Guimarães, que vai propor a reflexão sobre processos criativos no limiar entre o cinema e as artes plásticas.
Com produção intensa desde o fim dos anos 1980, Cao tem suas obras em coleções prestigiadas, como Tate Modern (Reino Unido), MoMA e Museu Guggenheim (EUA) e a Fondation Cartier (França).
Outra oficina da programação, “2021: Como Produzir Cinema Agora”, ministrada por Thiago Macêdo Correia, discutirá as atuais possibilidades para a produção audiovisual no Brasil. Thiago é membro da Filmes de Plástico, importante produtora mineira, cujos filmes já foram exibidos em alguns dos principais festivais do mundo, como Cannes, Rotterdam e Locarno. As oficinas são gratuitas e abertas ao público.
Mais cultura
O Desver é uma produção do curso de Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O evento integra a programação do Festival Mais Cultura da UFMS, que ocorre até amanhã (20). Todas as manhãs, estudantes previamente selecionados terão espaço garantido para recitar poesias ou tocar instrumentos musicais nas salas de aula virtuais. A ideia é que, por pelo menos cinco minutos, tanto professores quanto universitários possam apreciar música e literatura.
A única parte da programação do festival que não será on-line é a exibição do filme “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro”, no Autocine. A sessão ocorre às 18h, e os ingressos gratuitos, mas limitados, devem ser retirados na Praça dos Imigrantes até amanhã, das 8h às 17h. A UFMS fica na Avenida Costa e Silva, s/n, Bairro Universitário.
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