Mato Grosso do Sul ganhou um presente na manhã de sexta-feira, 28 de junho, ocasião em que foi realizada a solenidade de lançamento do Laboratório de Análises Ambientais da Embrapa, em Dourados. A inauguração do moderno laboratório contou com a presença de cerca de 230 pessoas e reuniu autoridades, representantes institucionais, educadores, jornalistas, líderes de cooperativas e sindicatos rurais da região para conhecer as instalações e o trabalho que começa a ser realizado na região.
O investimento de mais de R$ 3 milhões que possibilitou a construção física do prédio, aquisição de novos e modernos equipamentos, além de custeio para pagamento dos padrões analíticos é fruto de uma importante parceria realizada entre a Embrapa (R$ 1,7 milhão), o Ministério Público Federal/MPF (R$ 65 mil), o Ministério Público do Trabalho/MPT (R$ 397 mil), o Ministério Público de Mato Grosso do Sul/MPMS (R$ 392 mil) e a Prefeitura Municipal de Dourados, por meio do Instituto do Meio Ambiente de Dourados/IMAM (R$ 452 mil).
“O novo laboratório tem como função monitorar a qualidade da água das bacias hidrográficas em vários rios do estado, além da água potável de alguns municípios. Essa parceria possibilita que a partir de agora seja possível realizar cientificamente o monitoramento de águas superficiais em Mato Grosso do Sul, buscando identificar ou não a presença de 55 diferentes tipos de agrotóxicos nas principais bacias hidrográficas do Estado”, explica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rômulo Penna Scorza Júnior.
Modernidade - O presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, que prestigiou a solenidade de inauguração, iniciou sua fala agradecendo a Deus e ao apoio dos parceiros que viabilizou esse importante serviço para a sociedade e disse “Temos recebido uma recomendação hodierna da Ministra Tereza Cristina e esse laboratório é uma resposta a essa demanda”. Hodierno é um adjetivo que qualifica algo como contemporâneo, atual e moderno.
Ele enfatizou a importância de buscar parcerias como essa que viabilizam o uso de fontes alternativas de recursos financeiros e acrescentou “são arranjos necessários e, hoje, temos esse exemplo de como essas parcerias podem viabilizar o financiamento de nossas atividades, inclusive com recursos públicos”.
“Se o Brasil conquistou a confiança no agronegócio brasileiro e mundial, isso se deve a presença da Embrapa. Foi uma conquista gradual desenvolvida ao longo dos anos e que proporcionou competitividade a agricultura brasileira, que é respeitada em todo o mundo. Porém, uma liderança que foi conquistada ao longo dos anos, pode ser perdida em pouco tempo, por isso, para termos competitividade precisamos de investimento em pessoas, processos, equipamentos”, disse.
O presidente acrescenta ainda que “essa Unidade, que é uma das 42 da Embrapa distribuída no país, encontrou um caminho alternativo, que nós precisamos, devemos usar dessa experiência para estabelecer outras parcerias e buscar cada dia mais foco. Precisamos continuar nos atualizando para continuar tendo direito ao uso do recurso público em favor da Embrapa”.
Conhecedor do dia-a-dia do campo, Barbosa compartilhou com a plateia que seu pai era um agricultor sem terra e que desde seus cinco anos de idade o pai lhe ensinou a cuidar da terra e disse “O Brasil é um país tropical e para continuar sendo produtivos no campo não podemos prescindir do uso de agrotóxicos. Porém, precisamos utilizar de maneira racional e eficiente e esse trabalho de monitoramento é fundamental para que possamos verificar cientificamente o que está sendo feito”.
“O Laboratório não é a solução dos problemas, mas serve para fazer um levantamento de dados. Assim, será possível desenvolver sistemas que garantam a segurança de uso dos agrotóxicos, buscando evitar a contaminação do meio ambiente, que nos foi dado por Deus, sem prejudicar e garantindo o futuro para nossos filhos e netos”, concluiu.
O vice-governador de Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith deu ênfase à modernidade do projeto e disse “a Embrapa Agropecuária Oeste está atualizada, no Século XXI e o Laboratório que está sendo inaugurado trata de meio ambiente e águas, além desse exemplo de parceria. Estamos inaugurando no Estado um dos maiores Laboratórios de Análises Ambientais do país e todos os que participaram desse projeto estão de parabéns”.
Futuro - O procurador Marco Antônio Delfino de Almeida, do MPF em MS, destacou a importância desse trabalho para a sociedade sul-mato-grossense e falou sobre barreiras não tarifárias, que serão um dos divisores de mercado para exportações do agronegócio e acrescentou que “o Laboratório tem esse viés”. Ele disse ainda que o monitoramento gera equilíbrio de ordem econômica, direito do consumidor, direito da saúde do trabalhador rural e do meio ambiente.
“Esse é o equilíbrio que queremos, com direitos e deveres respeitados e ausência de risco à saúde das futuras gerações, dando ainda um fim aos boatos. Vamos saber se a água é ou não é segura para o consumo e essa é uma informação que temos o direito de ter. Precisamos saber se uma determinada atividade está influenciando ou não a nossa vida privada”, disse o procurador.
Ele acrescenta ainda dizendo que a atuação sinérgica de instituições é fundamental para a sociedade “nesse exemplo pudemos ver que o resultado foi além da soma, ocorreu uma multiplicação de esforços, gerando um resultado muito superior. Esse esforço coloca a Embrapa Agropecuária Oeste num novo patamar em busca de soluções para a água que consumimos na região”.
Transparência - Em sua fala o promotor do MPMS, Amilcar Araujo Carneiro Junior, destacou o ineditismo da assinatura de aditivos do projeto de execução da obra com o objetivo de reduzir os valores dos recursos necessários para sua execução “nunca havíamos visto isso antes e essa atitude merece destacar”. Ele disse ainda que esse monitoramento vai gerar dados científicos com informações muito importantes e que quem ganha com isso é a sociedade.
O procurador da Procuradoria do Trabalho do Município de Dourados, Jefferson Pereira, enfatiza a expectativa com o pleno funcionamento do Laboratório “essa parceria teve início em 2014, com o objetivo de monitorar o nível de qualidade das águas superficiais da bacia hidrográfica de alguns rios do Cone Sul, principalmente no que se refere ao nível de contaminação por agrotóxicos, que pode provocar efeitos deletérios tanto à saúde do trabalhador quanto de toda a comunidade”.
“Promover a higidez do meio ambiente, nele incluído o do Trabalho, é uma das metas prioritárias do MPT. Identificando níveis de poluição por tais agentes químicos, caso sejam cientificamente confirmados, caberá então uma ação integrada visando justamente cessar tal lesão, razão pela qual é imprescindível a realização continua desse sistema de monitoramento, possível em virtude da parceria estabelecida”, concluiu Pereira.
O diretor-presidente do IMAM, Fabiano Costa comemora a parceria que é de grande relevância para Dourados e região e também para o melhor andamento dos trabalhos do Instituto, pois além das análises e monitoramento da qualidade da água das bacias hidrográficas e da água potável, o Laboratório dará suporte para a realização de outras análises relevantes para o monitoramento ambiental necessário para as ações de fiscalização e licenciamento ambiental do Instituto, pois a Embrapa se colocou a disposição para treinar um funcionário do IMAM que terá livre acesso ao Laboratório para realizar as análises possíveis que atenderão grande parte da demanda do órgão.
Presenças - Dentre as autoridades presentes na solenidade de inauguração destacam-se: o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Guilherme Lafourcade Asmus; o chefe-geral Interino da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS), Ronney Robson Mamede; o chefe-geral da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS), Jorge Antônio Ferreira de Lara; o vereador e presidente da Câmara Municipal de Dourados, Alan Guedes; o deputado estadual, José Carlos Barbosa, entre outros.
Competência - O novo prédio foi construído na Embrapa Agropecuária Oeste, próximo às instalações do moderno Laboratório de Piscicultura da Unidade. Com 361 m², conta com salas para recepção, acondicionamento e análise de amostras e tem capacidade de análisar 200 amostras mensais. O técnico da Unidade que atua no Laboratório de Análises Ambientais, Paulo Henrique Vitro, salienta que todas as atividades analíticas estão padronizadas e realizadas de acordo com protocolos de Boas Práticas de Laboratório (BPL), baseado na normativa ISO 17.025, que orienta o Sistema Embrapa de Qualidade e em consonância com a legislação.
Por meio dos relatórios anuais com resultado das análises, desenvolvidas pelo Laboratório, as instituições públicas de fiscalização terão análises técnicas sobre possíveis contaminações com agrotóxicos. “Além disso, a Embrapa pretende utilizar as informações coletadas para fins científicos e desenvolvimento de procedimentos e tecnologias sustentáveis que contribuam com a mitigação de possíveis impactos ambientais, caso a presença de agrotóxicos nas águas superficiais do estado venha a ser confirmada”, explica Rômulo.
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