Convocada a depor no MPE-MS (Ministério Público Estadual) em investigação que apura morte ocorrida em plantão sem médico no Hospital da Vida, a secretária municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza, garante que “nenhum paciente morreu por falta de assistência médica” nessa unidade hospitalar.

Em entrevista exclusiva ao Dourados News, a gestora municipal apresentou sua versão para os fatos que motivaram o promotor de Justiça Etéocles Brito Mendonça Dias Junior a instaurar o Procedimento Preparatório número 06.2019.00001173-8.

Aberta para apurar “eventual irregularidade na realização de atendimento de urgência/emergência no Hospital da Vida por falhas na composição da escala de médico, bem como apurar as causas que ensejaram a falta de assistência a paciente que veio a óbito na data de 21/07/2019”, a investigação que tramita sob sigilo já identificou “uma cadeia de fatos reveladores de uma sucessão de erros administrativos de grossa monta, todos contribuintes, de forma direta ou indireta, para a fatalidade”.

DEPOIMENTOS

Berenice revelou ao Dourados News que ainda prestará esclarecimentos ao MPE, mas adiantou que a morte do motociclista Roberto Gonçalves Braga, vítima de um acidente na Avenida Marcelino Pires, não foi causada por falta de médico no Hospital da Vida. Segundo ela, também é interesse da prefeitura esclarecer os fatos, razão pela qual foi instaurada sindicância.

ESTAVA LÁ

“Eu estava lá, acompanhei. Nenhum paciente morreu por falta de médico. Ele estava acompanhado pela equipe do Samu, não teve nem condições de tirar da maca para entrar no hospital. Estávamos com a equipe médica da UTI, eu autorizei que levasse para o Cassems, mas a equipe do Samu disse que não tinha condições de remover ele de lugar nenhum”, argumentou a secretária de Saúde.

Berenice alega ter acionado um cirurgião que estaria no hospital em cinco minutos. “Mas não tinha condições nem de fazer uma imagem. Nenhum paciente morreu por falta de assistência médica, ele estava acompanhado pelo médico do Samu, até porque o Samu não pode passar o paciente para equipe do hospital enquanto não estabilizar o paciente”, pontuou.

SANGUE NOVO

No dia 2 de setembro, a secretária municipal de Saúde revogou a designação do médico Majid Mohamad Ghadie e nomeou Irineu Renzi Junior para a função diretor técnico do Hospital da Vida. Porém, assegurou que essa mudança não tem relação com o procedimento apurado pelo MPE.

“Toda gestão muda seus cargos de confiança, e troquei porque tenho mais afinidade com o outro médico. Estamos precisando de sangue novo para nos ajudar nesse momento, encarar a realidade porque as coisas estavam muito fragilizadas. Esse sangue novo vem para reforçar”, detalhou.

Berenice também disse que a revogação de trecho do decreto que nomeava Maria Izabel de Aguiar coordenadora geral da intervenção na Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), que persiste desde 13 de junho, ocorreu em comum acordo. “Ela preferiu se retirar, até porque não mora mais aqui”, declarou.