Um grupo de pais de alunos do Ceim (Centro de Educação Infantil Municipal) Professora Zeli Da Silva Ramos, localizado no Jardim Monte Carlo, está realizado um abaixo-assinado para que as secretarias de Educação e Administração mantenham o cargo da coordenadora Sueli de Souza do Carmo Rosa, exonerada na segunda-feira (15/7) via telefone, um dia antes das aulas iniciarem.
De acordo com a moradora Nathalia Luiza Soares Honorato, que tem filho de 2 anos estudante na unidade, a profissional transformou o local implementando projeto pedagógico e fortalecendo a inclusão dos pais na rotina educacional dos filhos.
“Antes funcionava só como centro de recreação, para as crianças ficarem lá e pronto. Depois que ela entrou, implementou um plano pedagógico, fez parcerias com universidades, visitas com as crianças ao horto e museu, estimulou a fundação da Associação de Pais e Mestres (APM), fez movimentos para arrecadar dinheiro para investimentos, inclusive uma rifa na páscoa para instalação de ar condicionado nas salas. Depois que ela entrou formamos uma verdadeira comunidade”, disse a mãe.
Conforme a contribuinte, a educação oferecida no Ceim ficou melhor que escola particular. “Os pais ficaram mais participativos e muitas vezes ela tirava dinheiro do próprio bolso para investir no Ceim. O plano pedagógico dela nos deu ciência sobre a educação dos nossos filhos, conseguindo avaliar o desenvolvimento de crianças de 2 anos”, disse.
Ela teme que medida seja influenciada por fatores políticos, considerando o processo eleitoral que se aproxima. “Não quero prejulgar a nova coordenadora, ela pode ser boa também, mas porque mudar o que está dando certo? Por que trocar o que promoveu tantas melhorias?”, questiona.
O presidente da APM, Flávio Aparecido Beretta, pai de um dos alunos da creche, disse à reportagem que a unidade vivia abandonada, tanto pela coordenação anterior quanto pela administração pública. Ele destaca que o principal impacto da profissional exigida, foi a inclusão e cativação dos pais nas necessidades educacionais dos filhos.
“Ali sempre foi abandonado. No pouco período que ela ficou promoveu muita melhoria. Os pais se unirem neste ato de reivindicação é resultado do trabalho dela. Ela assumiu a responsabilidade e trouxe os pais para participarem da rotina do Ceim. Cativou o pessoal para estar junto e incentivou atividades dentro do Ceim agregando as famílias. Nossa comunidade chegou a realizar reformas e mutirões juntos. Temos esperança de conseguir sucesso, mas sabemos que estamos refém do poder público”, disse.
A expectativa é colher 130 assinaturas no período de entrada e saída dos alunos no matutino e vespertino.
A reportagem conversou com Sueli e ela relatou não imaginar a repercussão do caso. Disse também não querer prejudicar a próxima coordenadora, mas não deixou de lamentar a exoneração.
“Meio político tem todas essas nuances e coordenação de Ceim é cargo de indicação. Ontem eu estava na rua comprando lâmpadas para o Ceim e o RH me ligou dizendo que não precisava mais ir, que outra coordenadora seria colocada. Fiquei triste, achei a forma de demissão totalmente sem ética profissional, sem dignidade. Não teve nenhuma justificativa, apenas que ‘veio de cima'. Mas, fazer o que. Sei que não sou a primeira e nem serei a última’’, disse.
Ela foi contratada em março deste ano com validade até 28/06. No dia 01/07 foi recontratada até o final do ano letivo. Durante o período que esteve à frente do Ceim, a profissional se dividia entre ser gestora, pedagoga e “pedreira”.
“Fizemos muitas reformas, metendo a mão na massa mesmo. Achei louvável a extensão do contrato sem o intervalo das férias porque tivemos tempo de organizar e preparar toda escola. Reformamos, pintamos, trouxemos de volta aquela vida de cores para a salas. Consegui passar a minha inspiração pela educação, trouxe os pais para perto e mesmo que eu não volte me sinto recompensada por tudo o que vivi. Acrescentou muito ao meu currículo”, disse.
OUTRO LADO
O Dourados News entrou em contato com o secretário municipal de Educação Upiran Gonçalves para tentar entender as motivações da medida e se o abaixo-assinado sensibilizaria o poder público para o clamor dos contribuintes. Ele disse que a ação é de cunho administrativo e que a gestão não deve satisfações para os pais dos alunos.
Novamente questionado, sendo relembrado que a unidade educacional pertence ao poder público, dessa forma tendo como principal mantenedor a comunidade douradense, Upiran voltou a falar que “está decidido desta forma e será assim”.
“É decisão da administração, uma reforma que se entendeu necessária. A medida é um ato discricionário do Governo e a gestão pode fazer isso de acordo com a sua conveniência. Se administração resolve fazer ela faz. A gestão não tem que dar satisfação a pai de aluno. É uma decisão de cunho administrativo”, disse.
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