POLÍTICA

Deputados sugerem medidas para reduzir mortes violentas no País

Segundo anuário, uma pessoa é assassinada a cada dez minutos no Brasil - Crédito: Arquivo/Beto Oliveira/Agência Câmara Segundo anuário, uma pessoa é assassinada a cada dez minutos no Brasil - Crédito: Arquivo/Beto Oliveira/Agência Câmara

Apesar do distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19, o número de mortes violentas no País cresceu 7,1% no primeiro semestre de 2020 em comparação com o ano passado, totalizando mais de 25 mil ocorrências. Esse é um dos dados divulgados na 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Os números se traduzem em uma pessoa assassinada a cada 10 minutos. Nas mortes registradas em 2019, 74,4% das vítimas eram negros; 51,6% jovens de até 29 anos; e 91,2% eram homens. As ocorrências de feminicídios aumentaram 1,9%.

De acordo com o levantamento feito pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2020 o registro de armas cresceu 120% e houve queda na apreensão de armamento irregular.

Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), o aumento da violência tem ligação direta com a liberação de armas e munições. “A arma do cidadão de bem acaba na mão da criminalidade.”

Também cresceu a quantidade de policiais mortos (19,6%) e de vítimas de intervenções policiais (6%).

Treinamento policial
Na opinião do deputado João Campos (Republicanos-GO), que é delegado, é preciso melhorar o treinamento das forças de segurança no enfrentamento da criminalidade.

“Se a polícia está preparada, capacitada para esse tipo de ação, certamente teremos menos pessoas abatidas pela polícia e menos agentes mortos”, diz.

Recursos
O relatório alerta que nem sempre é possível fazer uma correlação direta entre os dados coletados e o isolamento decorrente da pandemia. Mas diminuíram, por exemplo, as denúncias presenciais de violência doméstica feitas em delegacias. Também caíram os roubos a pedestres, a cargas, ao comércio e a residências.

O documento ainda faz a comparação de dados entre 2019 e 2018. Em relação aos gastos com segurança pública, por exemplo, houve queda em relação às despesas da União (-3,8%); pouca variação quanto aos estados (0,6%); e um aumento dos investimentos por parte dos municípios (5,3%).

João Campos defende a continuidade das políticas de segurança pública e diz que, para compensar a diminuição de efetivo das polícias, é preciso investir em tecnologia. “As polícias que mais enfrentam dificuldades nesse sentido são as investigativas, porque na área preventiva e ostensiva não há tanta inovação. ”

População carcerária
Os números de 2019 também mostram uma população carcerária de mais de 755 mil pessoas, sendo que 66,7% dos presos são negros. Há um déficit de mais de 305 mil vagas em todo o País. Dados de abril a setembro deste ano revelam que mais de 27 mil casos de Covid-19 foram registrados nas penitenciárias.

Maria do Rosário argumenta que, muitas vezes, um indivíduo preso por um  crime de baixo potencial ofensivo acaba se tornando mais perigoso na cadeia. “Ele cai nas malhas de ações criminosas, de grupos do tráfico, de milicianos e aí a violência vai sendo retroalimentada. ”

A parlamentar reclama da falta de articulação do governo federal com os estados na área de segurança pública e reivindica um plano nacional para o setor. Defensor da gestão Jair Bolsonaro, João Campos apoia um sistema integrado de segurança pública.

 

Comentários