Moradores antigos contam que rua sem saída guarda história de um “quase-condomínio”
Na Avenida Tiradentes, uma placa indicando que a rua não tem saída ganhou um muro que se assemelha ao de residenciais fechados, mas sem portão. Nos últimos meses, ele começou a ser colorido por quem mantém esperança de um sonho prometido há 20 anos.
Explicando melhor a história, Lídia Silva, de 62 anos, conta que resolveu colorir as “paredes” para manter vivo o sonho criado pelo “quase condomínio” Andorinhas. Voltando para 2002, ela explica que na época comprou sua casa de uma construtora, assim como os outros moradores.
“Eles prometeram que seria um condomínio fechado, mas entregaram as casas cruas. Tinham feito o registro de condomínio fechado mesmo, mas como ficou abandonado, perdeu a validade”, explica Lídia.
Na época, ela e outros moradores acabaram aceitando que o máximo que iriam conseguir da vida em um residencial fechado seria a proximidade das casas. Por isso, a rua sem saída continuou guardando a vontade criada há duas décadas por quem comprou uma coisa e acabou recebendo outra.
Conforme o tempo passou, Lídia narra que a vontade da vivência de condomínio acabou sendo criada mesmo sem os portões para fechar o espaço. Mesmo assim, ela continuou pensando que um dia o residencial se tornaria realidade.
Por gostar de trabalhos manuais, a costureira teve a ideia de fazer uma fachada e ela mesma colorir. “Fui fazendo os desenhos com o pedreiro, pintei e quis colocar a ideia de colunas. Quero que fique bonito mesmo”, diz.
Assim como a vizinha, Odimar Conceição Freitas, de 40, foi um dos primeiros moradores do residencial. Ele conta que na época a família aceitou a casa e até ficou com esperança de que a construtora voltaria.
Hoje, ele detalha que muitos moradores antigos acabaram se mudando, mas que quem permaneceu continuou pensando na ideia inicial. “Aqui todo mundo se dá bem, a gente conhece os antigos e acaba ficando distante de quem é novo. Acho que daria certo o condomínio fechado, a gente tá indo atrás”.
Aposentada, Irene Quaresma, de 68 anos, se tornou moradora já sabendo que o residencial era “aberto” para as outras ruas. Mesmo assim, conta que se apaixonou pelo convívio e que ali não existem as brigas típicas de condomínios.
“Acho que mesmo que fechassem daria certo porque aqui é muito tranquilo. as pessoas se gostam. Se fechar, vai ser mais um ponto positivo”, diz Irene.
Agora, com a esperança renovada com o muro colorido, os moradores se uniram para tentar regularizar o tão sonhado condomínio e ver se a vida com os portões fechados dá certo.
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