O dólar firmou alta nos negócios da tarde, chegando a superar os R$ 5,60. Com a agenda doméstica esvaziada, mas as preocupações fiscais ainda no radar, foi o noticiário externo, em sua maioria negativo, que guiou o mercado de câmbio nesta quarta-feira, 14, ajudando a ofuscar os dados positivos do setor de serviços e do fluxo cambial de outubro. Nos Estados Unidos, a Casa Branca admitiu publicamente a dificuldade de aprovar um pacote de estímulos antes das eleições de 3 de novembro. Do outro lado do Atlântico, com os casos de coronavírus em alta na Europa, a França começa um toque de recolher a partir de sábado (17), por quatro semanas.
Após cair a R$ 5,53 pela manhã, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,36%, cotado em R$ 5,5986. Na máxima, foi a R$ 5,60. No mercado futuro, o dólar para novembro subia 0,49% às 17h, em R$ 5,6020.
No mercado doméstico, a notícia positiva do dia foi o avanço de 2,9% do setor de serviços em agosto, terceiro mês seguido de crescimento. Mas no câmbio, o noticiário negativo externo acabou ofuscando o resultado do segmento e mesmo o fluxo cambial positivo nesta primeira metade de outubro, em US$ 234 milhões até o dia 9, segundo o Banco Central.
"Os mais importantes catalisadores para o mercado de moedas esta semana são as conversas sobre estímulo em Washington, as negociações do Brexit e as novas restrições na Europa", avalia a diretora de câmbio da gestora americana BK Asset Management, Kathy Lien. Ela ressalta que a Europa está em plena segunda onda de casos, com vários países adotando restrições, como Holanda e Espanha, enquanto no Congresso americano é cada vez menos provável um acordo antes das eleições.
Na tarde desta quarta, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, admitiu que os republicanos e democratas estão distantes de um acordo e um entendimento antes da eleição de novembro será "difícil". Neste momento, o dólar passou a ganhar força ante moedas fortes e emergentes.
Já no mercado local, o noticiário em Brasília segue esvaziado sobre as reformas e o ajuste fiscal. A agência de classificação de risco Moody's alertou que, em seu cenário-base para 2021, espera a retomada das reformas, sobretudo as de curto prazo, para melhorar o perfil de gastos públicos do País, como a PEC Emergencial, que estabelece controles para as despesas. "Já estamos em outubro, o importante é que reformas avancem neste ou no próximo ano", disse a vice-presidente e analista sênior do rating soberano do Brasil da Moody's Investors Service, Samar Maziad. A analista ressaltou que não há muito espaço dentro do teto para acomodar mais gastos sociais e que o mecanismo precisa ser mantido.
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