A primeira audiência de julgamento e instrução em que Gilmar Olarte (PP) e mais dois são acusados dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro começou às 9 horas desta sexta-feira (27) e três depoimentos ocorreram até o meio-dia, no Tribunal de Justiça. Falaram ao desembargador Luiz Claudio Bonassini o prefeito Alcides Bernal (PP), a secretária Marli Deborah e o autor da denúncia, Paulo Sérgio Telles.
Nos três depoimentos, os detalhes que já haviam sido noticiados na época da denúncia e que motivaram afastamento de Gilmar Olarte do cargo de prefeito, em agosto deste ano, foram novamente citados. Olarte, Luiz Márcio dos Santos e Ronan Edson Feitosa são acusados de usar cheques em branco para dar golpe em pessoas, inclusive fieis da igreja de Olarte, para arrecadar recursos. Os valores, conforme a denúncia, foram usados em suposta compra de votos de vereadores para cassação do mandato de Alcides Bernal (PP), em março do ano passado.
O primeiro a prestar depoimento foi Paulo Telles, ele confirmou a notícia crime feita em 2013 e disse que não recebeu qualquer tipo de estímulo financeiro para fazer a denúncia. Ele admitiu que houve troca de 12 a 20 talões de cheque por parte de Olarte, Luiz e Ronan com promessa de favores em licitações e nomeações, em troca dos valores.
A secretária Marli Deborah depôs na sequência. Ela era uma espécie de braço direito de Olarte e afirmou que houve negociação com agiotas, a secretária confirmou que Olarte e Ronan eram muito próximos e ele era responsável por intermediar as negociações.
Na época, para que não denunciasse os crimes, ela recebeu salário de R$ 2 mil por quatro meses. O valor prometido no entanto, era o dobro.
“Vivi um inferno. Esperava receber o dinheiro dos cheques e até hoje espero. Se alguém poder me ajudar”. Um dos depoimentos mais esperados do dia acabou há pouco. O prefeito Alcides Bernal falou durante 45 minutos, esperava-se que ele e Olarte ficassem frente a frente, mas o desembargador acolheu pedido da defesa de Olarte e ele foi dispensado da audiência.
Bernal fez questão de afirmar que conheceu Olarte em 2006, quando ainda era vereador, e que ele conhecido por ser pastor. No convite para integrar a chapa com o cargo de vice-prefeito, Bernal afirmou que levou em consideração o fato de Olarte pregar “lições morais e reliogosas”.
Sobre os últimos acontecimentos que motivaram a investigação, Bernal disse que nomeou Ronan em cargo público a pedido de Olarte e que o próprio prefeito recebeu várias ligações de pessoas cobrando as promessas de Olarte feitas para quem emprestaram cheque em branco ao então vice-prefeito.
Existia a possibilidade, inclusive, de Olarte ser nomeado como titular da Sedesc, mas isso só não aconteceu porque Bernal afirma ter desconfiado da ligação do então vice-prefeito com as irregularidades envolvendo os cheques em branco.
O advogado de defesa de Olarte, Jail Azambuja, tentou questionar o prefeito sobre o motivo de ele não ter tomado atitude ao perceber os fatos, mas o desembargador indeferiu a pergunta.
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