O Dourados News conversou com lideranças da Reserva Indígena de Dourados sobre a onda de comentários racistas direcionados a comunidade, por conta da prioridade na vacinação contra a Covid-19. Segundo os líderes guarani e terena, que acreditam que o peso da Justiça pode fazer a diferença, a rotina de ofensas é comum para os que vivem nas aldeias Jaguapiru e Bororó.
“Por mais que vemos, escutamos, sentimos e vivemos diariamente atitudes racistas e preconceituosas, isso não nos torna insensível diante de situações como a que aconteceu nos comentários da reportagem (do Dourados News). Atitudes racistas como essas, nos atingem profundamente porque somos pessoas, somos seres humanos. Respeito é bom e é necessário”, disse Fernando Souza, líder guarani que é também membro do Conselho de Saúde Indígena da Reserva de Dourados.
Souza acredita na punição para os autores dos comentários racistas, como forma de ser um exemplo para promover o combate a esse tipo de ataque contra os indígenas.
“Eu quero acreditar que sim. Que os culpados serão punidos exemplarmente, que a Polícia Federal faça o seu trabalho na localização dos autores. Falo também do nosso respeito ao Ministério Público, pela sensibilidade e o cumprimento do seu papel institucional de ter encaminhado a denúncia. Esperamos que atitudes como essa não se repitam aqui em nosso município”.
Cacique terena na Jaguapiru, Izael Morales estava presente e ao lado de Catalino Aquino, de 74 anos, ancião da aldeia, quando este foi o primeiro indígena vacinado em Dourados. Para ele, nada justifica os ataques.
“Todos somos iguais perante a Deus e nada justifica esses comentários querendo ofender meu povo, a nossa nação indígena. Então com relação a essas pessoas que fizeram isso, acredito que eles serão sim punidos de uma forma ou de outra. Eu sempre acredito na Justiça, cedo ou tarde ela prevalece”, disse Morales.
O CASO
Ao todo, para o início da imunização em Mato Grosso do Sul, foram 158.766 doses de Coronavac disponibilizadas para a primeira fase. Para a imunização de indígenas - considerados grupo em situação de vulnerabilidade no Estado – foram 91 mil doses e para os demais grupos prioritários, 61 mil doses.
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