O governo de São Paulo aplicou a primeira dose da CoronaVac na tarde deste domingo (17), após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial da vacina contra a Covid-19.
A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, foi a primeira pessoa, fora dos estudos clínicos, a receber a vacina.
Mulher, negra, Mônica faz parte do grupo de risco para a doença, e atua na linha de frente contra Covid-19 no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Ela foi voluntária da terceira fase dos testes clínicos da CoronaVac realizados no país e tinha recebido placebo.
Após ser imunizada, ela recebeu do governador João Doria (PSDB) um selo simbólico com os dizeres “Estou vacinado pelo Butantan” e uma pulseira com a frase “Eu me vacinei”.
A aplicação foi feita no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e foi acompanhada pelo governador João Doria (PSDB).
A enfermeira Jéssica Pires de Camargo, de 30 anos, funcionária do Controle de Doenças e Mestre de Saúde Coletiva pela Santa Casa de São Paulo, foi responsável por aplicar a dose.
O segundo a ser vacinado foi o enfermeiro Wilson Paes de Pádua, de 57 anos, do hospital Vila Penteado, na Zona Norte. “Estou muito feliz, acho que nós temos que lutar pela vacina, lutar pela ciência, para melhorar a saúde e sair dessa pandemia. Me sinto muito orgulhoso e feliz desse momento”.
Ele contou que perdeu colegas e foi infectado pela Covid-19 em junho, enquanto atuava na linha de frente da pandemia. “Pensei que ia morrer, tinha momentos que rezei para Deus pensando que estava partindo”.
Aprovação
Na tarde deste domingo (17), a diretoria da Anvisa aprovou, por unanimidade, a liberação do imunizante para uso emergencial, seguindo a recomendação apresentada pela área técnica.
Os diretores acompanharam o voto de Meiruze Freitas, relatora dos pedidos. No caso da Coronavac, a diretora condicionou a aprovação à assinatura de termo de compromisso e publicação em "Diário Oficial".
A decisão passa a valer a partir do momento em que houver a comunicação oficial ao laboratório. Ela será publicada no portal da Anvisa, no extrato de deliberações da Diretoria.
O pedido sobre a Coronavac foi apresentado em 8 de janeiro pelo Instituto Butantan e é referente a 6 milhões de doses importadas, produzidas pela farmacêutica chinesa Sinovac. O Butantan também desenvolve a vacina no Brasil.
Durante a apresentação dos dados, o gerente de medicamentos da Agência, Gustavo Mendes, fez críticas ao atraso no envido de dados do Instituto Butantan.
Ele também considerou como pontos de incerteza o número de idosos testados, a falta de informações sobre os intervalos entre a primeira e a segunda dose de todos os pacientes testados.
Com a aprovação o Brasil, se tornará o quarto país a iniciar o uso emergencial do fármaco, após China, Indonésia e Turquia.
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