Quase 30% das terras do planeta são utilizadas para pastagens e plantio de alimentos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Para promover a realização de pesquisas sobre o impacto da pecuária na biodiversidade, a agência da ONU e o Ministério do Meio Ambiente do Brasil realizaram nesta semana uma oficina sobre o tema. Encontro reuniu em Brasília especialistas de diferentes partes do país.
A secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável da pasta, Juliana Simões, defendeu a importância da pauta para o Brasil, uma vez que a nação sul-americana é a principal produtora de carne do mundo e também o maior em biodiversidade.
"Por estes dois motivos, não haveria condições do Brasil ficar de fora desta discussão de indicadores de biodiversidade e, mais do que isso: precisamos liderar esta discussão", afirmou durante a abertura do evento na segunda-feira (21).
Segundo a gestora, o Brasil assumiu metas voluntárias junto ao Acordo de Paris que estão relacionadas com o tema.
Entre os compromissos, estão os objetivos de regenerar 12 milhões de hectares até 2030, ampliar em 5 milhões de hectares os sistemas agrícolas integrados e recuperar 15 milhões de pastagens degradadas.
Para Juliana, o plano contribuirá para proteger a biodiversidade nacional, sobretudo por meio da criação de sistemas que articulam lavouras, florestas e atividades pecuárias.
Encerrado na terça-feira (22), o encontro contou a participação do representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, que elogiou o engajamento do país no projeto Avaliação e Desempenho Ambiental da Pecuária (LEAP, na sigla em inglês).
Criado em 2012 pelo organismo internacional, o programa mobiliza governos, setor privado, ONGs e outros atores, unidos por um compromisso com a gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável do setor pecuário.
"Esta parceria internacional LEAP visa gerar metodologias, aportes, contribuições para a obtenção de diretrizes que possam ser referências para os outros países, principalmente para harmonizar estas tecnologias, ter os mesmos parâmetros", explicou o dirigente nacional da agência da ONU.
"Mais de 17 países estão envolvidos, com uma liderança relevante do Brasil."
Também presente, o especialista da sede da FAO, em Roma, Félix Teillard, ressaltou que "há uma necessidade de ferramentas que considerem toda a diversidade dos ecossistemas".
A primeira fase da LEAP aconteceu de 2012 a 2015, período em que as atividades se concentraram na emissão de gases do efeito estufa.
Para a segunda etapa (2015-2018), o escopo do projeto foi ampliado para abordar novos temas, como uso da água e biodiversidade e serviços ecossistêmicos.
Teillard também destacou que o Brasil participa ativamente do programa, com pesquisadores liderando grupos internacionais.
Essas entidades são responsáveis por elaborar diretrizes metodológicas de avaliação ambiental das cadeias de fornecimento de gado.
Na avaliação do especialista da agência da ONU, a LEAP também é fundamental para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como os objetivos 2 (Fome Zero), 14 (Vida na Água) e 15 (Vida Terrestre).
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