São tantos os afazeres na vida moderna, que se pudéssemos trocaríamos as 24 horas do dia por 36. Dormimos pouco, nos alimentamos mal e fazemos de tudo para darmos um jeitinho brasileiro até em relação ao tempo.
Estamos todos correndo atrás da ascensão social e financeira, vivemos muito preocupados com o trabalho, buscamos desenfreadamente pelo ter cada vez mais, e em meio a esse turbilhão, eis o resultado: estilo de vida estressado, sobrecarregado de atividades e filhos crescendo órfãos de pais vivos.
Tudo isso pode parecer uma maneira natural de se viver em família, mas no caso em questão, o saldo é muito negativo: Crianças e adolescentes que, infelizmente, têm pais de corpo presente e coração ausente. Em outras palavras, filhos que estão sendo criados, mas não educados. Futuros jovens que estão aprendendo a valorizar o “ter” e não o “ser”.
Vale lembrar que, como nós tratamos os nossos filhos hoje afetará sua saúde, autoestima, sensação de segurança e bem-estar no futuro. Poderíamos até pensar que esse futuro seria distante, mas não .O futuro é bem ali.
Os pais optam por serem permissivos demais, não impondo limites necessários para não importuná-los, a fim de compensarem a ausência e as crianças seguem crescendo sem parâmetros do certo e do errado.
Trata-se de filhos que tem a figura paterna e materna debaixo do mesmo teto, porém estes pouco ou nada contribuem para a formação ética, moral, familiar e educacional, tornando-os seres problemáticos, doentes, com imensas fragilidades internas, tão puramente pela ausência emocional e afetiva.
Sejamos francos: Priorizamos tempo e atenção para os nossos filhos ou pagaremos um alto preço de tê-los insatisfeitos e insubmissos e sermos pais frustrados.
No modelo de vida da atualidade, muitos pais delegam a educação e a atenção que deveriam ser exercidas por eles às babás, as creches, as escolas, aos avós e até as tecnologias como celulares, televisores e computadores.
Os filhos por sua vez, observam que o dinheiro que chega às mãos de seus pais, serve para comprar sem nenhum pudor essa terceirização de responsabilidades.
O abandono do compromisso de criar filhos, em muitos lares já é uma realidade irreversível, onde estes estão cada vez mais fechados em seus universos particulares, antecipando fases importantes de suas vidas, procurando passar o máximo de tempo longe casa e utilizando-se da violência e das drogas consideradas lícitas e ilícitas, para saírem da solidão.
Os relacionamentos e laços familiares morreram ou estão morrendo, e a missão de ser pai e mãe, virou um esporte de fim de semana.
Do ponto de vista Bíblico, os filhos não são obras do acaso, e sim heranças de Deus, que exigem cuidado, paciência, carinho, tempo, dedicação, renuncias e principalmente amor. Confira em Salmos 127 v 3-“Quanto aos filhos, eles são herança do Senhor; o fruto do ventre é um presente de Deus”.
Uma campanha publicitária que fez muito sucesso na TV nos anos 80 dizia que ”não basta ser pai, tem que participar”. Ou seja, não basta apenas estar com os filhos, é preciso interagir com eles.
Mas há algo mais sério e profundo que precisa ser levado em conta: Suprir as necessidades básicas dos filhos, pagar as contas, vesti-los, alimentá-los, oferecer a eles uma boa escola e dar presentes, não é suficiente para preencher a ausência afetiva e a atenção, até porque, tempo de qualidade se faz com presença e amor.
Outro texto Bíblico nos ajuda a pensar: "Ensinai os vossos filhos, assentado em tua casa, andando pelo caminho, ao deitar e ao levantar, para que vivam em paz na terra que o Senhor teu Deus te deu." (Deuteronômio 11:19-21)
Embora a Bíblia não seja um manual sobre criação de filhos, o Criador inspirou os escritores a incluir nela diversos conselhos práticos a respeito do assunto.
Diante disso, precisamos fazer reflexões valiosas e estabelecermos condições para mudanças e novos direcionamentos, a fim de evitarmos o empobrecimento afetivo e a fragilidade da célula mater da sociedade.
Responda para você mesmo: Seu sucesso profissional vale a destruição de seu maior patrimônio que é a sua família?
Se a resposta for não, comece hoje mesmo uma mudança radical em relação ao tempo dedicado aos seus filhos. O tempo não volta e eles crescem rapidamente. Provavelmente se assim o fizer, você não sofrerá remorsos por ter deixado fases tão importantes passar e ainda terá a alegria de vê-los menos consumistas e mais felizes.
Tenham todos uma semana repleta de coisas boas!
Angela Dutra - Jornalista, Cantora e Educadora Cristã
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