A fronteira entre Corumbá e as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, amanheceu bloqueada para o tráfego do transporte de cargas. A medida, que acontece em todo território boliviano, pede a prorrogação do pagamento de empréstimos bancários por mais seis meses do setor do transporte pesado, por não ter conseguido se recuperar da forte crise econômica que atravessa o país, em decorrência do coronavírus.
Na região de fronteira, o ponto de bloqueio está entre os cruzamentos das Avenidas Luis Salazar de la Vega e Bolivar, em frente a uma agência bancária. Dois veículos de grande porte foram colocados no meio da pista para impedir o trânsito de caminhões de cargas que cruzam os dois países. Carros de passeio estão liberados até o momento, porém, os condutores realizam manobras para passar entre carros parados e os caminhões.
“Estamos pedindo ao governo o deferimento de crédito por mais seis meses, por conta da pandemia do novo coronavírus. Há um ano o povo tem sido castigado por essa doença, e por essa razão o transporte pesado, por exemplo, para comprar uma ferramenta de trabalho, precisa usar o crédito do banco, e ficar sem, não dá. Estamos pedindo essa ampliação e daqui a seis meses, começamos a pagar os empréstimos aos bancos”, explicou o presidente do Transporte Pesado da Província German Busch, Angel Saavedra ao Diário Corumbaense.
Ainda segundo ele, os carros de passeio estão autorizados a cruzar entre as duas fronteiras. “Hoje começamos o bloqueio pacífico, os veículos de passeio circulam normalmente, mas se até às 18h, não tivermos resposta do governo, a partir de amanhã (quarta) não haverá autorização de passagem desses carros. Comunicamos já à Agesa (Armazéns Gerais Alfandegados) sobre o bloqueio, para que não liberem o transporte pesado", completou.
O manifesto
A Bolívia amanheceu com 57 pontos de bloqueio, de acordo com o boletim da Polícia, que colocou à disposição 9.000 militares fardados desde às 05h da manhã para evitar o corte de estradas principais, em frente ao protesto do transporte público.
No ano passado, o governo de transição estabeleceu o adiamento do pagamento dos empréstimos até janeiro deste ano, como medida para amenizar a economia dos diversos setores, afetados pelas restrições que foram implementadas para impedir o avanço do coronavírus.
Mas uma vez que esse prazo expirou, as operadoras pediram formalmente ao novo governo que prorrogasse o prazo por mais seis meses. O COB, microempresários e sindicalistas também aderiram a este pedido.
Esses setores concordam que não estão em condições de retomar o pagamento de suas obrigações devido à fragilidade da economia que, apesar da flexibilização das medidas restritivas, não consegue se recuperar.
No entanto, o ministro da Economia, Marcelo Montenegro, garantiu que um atraso colocaria em risco a estabilidade do sistema financeiro e, portanto, a reativação econômica do país. “Se a cultura de pagamento não for normalizada, os bancos terão dificuldade em continuar emprestando para outros tomadores que também precisarão de recursos. O sistema financeiro pode ser visto em perigo”, garantiu a autoridade.
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