O Brasil investiu o US$ 48,3 bilhões para importar adubos, fertilizantes químicos e óleos combustíveis em 2022. Os dados divulgados recentemente pela Secretaria de Comércio Exterior e compilados pela Vixtra, fintech no setor de concessão de crédito a pequenas e médias empresas, representam cerca de 70% de aumento do gasto na compra desses produtos.
Em nota, a equipe da Vixtra informa, por exemplo, que o crescimento no valor desembolsado pelo Brasil na importação de combustíveis, sobretudo petróleo, ficou na casa dos 75% (na comparação com o montante pago em 2021). No caso do segmento de adubos e fertilizantes, o avanço foi de 64%.
A relação do custo foi bem diferente da de volume importado. No caso dos combustíveis, por exemplo, o crescimento em volume comprado pelo Brasil foi de somente 9%. As aquisições de fertilizantes chegaram, inclusive a recuar de um ano para o outro: queda de cerca de 8% em 2022. Ou seja, os preços dos produtos se elevaram no mercado internacional e, assim, aumentaram os custos dos produtores rurais.
A saber, o país importou, em 2022, o total de 24,1 milhões de toneladas de óleos combustíveis de petróleo. Um ano antes, o volume havia sido de 22,2 milhões de toneladas. Por outro lado, as compras pelo Brasil de adubos e fertilizantes caíram da casa das 41,5 milhões de toneladas (2021) para 38,1 milhões de toneladas (2022).
Impacto da guerra na Europa
De acordo com o co-CEO da Vixtra, Leonardo Baltieri, a deflagração da guerra entre russos e ucranianos, que completa um ano neste mês, foi responsável direta pelo aumento dos preços de adubos e fertilizantes. Conforme destaca o executivo, a Rússia é a principal fornecedora dos insumos comprados pelo Brasil.
“Para esclarecer esse aumento no valor de importação em comparação a 2021, é preciso levar em conta o conflito em que a Rússia está envolvida desde fevereiro de 2022”, diz Baltieri. “O Brasil possui grande dependência da Rússia, uma vez que foi quem mais exportou adubos e fertilizantes para nós, representando 23% do total da importação anual“, observa o representante da Vixtra.
Relação do câmbio com o gasto
Ainda na visão de Leonardo Baltieri, a elevação dos valores de importação de adubos e combustíveis tem a ver com a valorização do dólar frente ao real ao longo do ano passado. Agora, no entanto, ele acredita que o mercado está em processo de se ajustar. “Apesar de ainda estarmos lidando com um valor alto de importação, vemos que dos últimos meses para cá, os preços estão se estabilizando.”
Dessa forma, o executivo da Vixtra estima que o resultado deve ser diferente em 2023, com preços mais atrativos na parte de importação. Assim, o gasto do produtor rural será reduzido. Ele sinaliza, entretanto, que a guerra no leste europeu precisa ter um desfecho para a estabilização do mercado internacional se consolidar.
“A resolução do conflito na Ucrânia juntamente com a melhoria no ambiente de negócios no cenário global, que ainda segue envolto em incertezas quanto à inflação, por exemplo, podem contribuir para a redução nos preços e, sobretudo, nos custos”, diz. “Com isso, acredito que as empresas terão melhores oportunidades e poderão, até mesmo, ampliar a importação desses produtos”, complementa.
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