13 dias da tragédia

Governador de SP anuncia fim do trabalho de buscas dos bombeiros no prédio que desabou

Bombeiros trabalharam 13 dias nos escombros do edifício no Largo do Paissandu. Buscas por quatro desaparecidos foram encerradas na manhã deste domingo (13).

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), esteve na manhã deste domingo (13) no local do desabamento do prédio Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, e anunciou o fim das buscas dos bombeiros após 13 dias de trabalho.

“A gente não tem a expectativa de mais nada, o máximo que a gente pode fazer do ponto de vista de profundidade é essa. O resto [dos corpos] não deve ter mais existência, deve ter sumido junto com toda a situação, porque é muito calor e o corpo desaparece praticamente, é comum nesse tipo de tragédia”, afirmou.

Cerca de 1.700 homens da corporação trabalharam nos escombros do edifício revezando turnos de 12 horas, inclusive bombeiros do interior de São Paulo e alunos do curso de formação. Cerca de 3 mil toneladas de entulhos foram retirados do local do acidente.

De acordo com o governador, a Prefeitura vai definir o que fará com os escombros agora. “Toda essa terra que está fora vai entrar para dentro daquele buraco para tentar estabilizar o terreno e permitir que todos esses lugares aqui em volta fiquem, dentro do possível, mais normais. Daqui pra frente a Prefeitura tem que dar uma destinação ao terreno”, disse.
 

O governador ressaltou que com a saída dos bombeiros do local, o terreno passa a ser de responsabilidade da administração municipal. “A partir de agora a gente entrega à Prefeitura para que ela possa dar um destino melhor da área, já que a área é federal. O prefeito já me disse que vai requisitar a área, a gente vai estudar a questão dos prédios laterais, tem três prédios que estão interditados."

A previsão é que, ainda nesta semana, sejam colocados tapumes circundando o terreno do acidente. Em nota, a Prefeitura disse que a retirada de entulho e liberação das vias ao redor devem “se estender pela próxima semana”.

Ainda segundo a administração municipal, o entulho recolhido “terá destinação definida pelo governo federal que é o proprietário do imóvel e, consequentemente, responsável pelo material”.

Procurado, o governo federal afirmou, em nota, que "a Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo (SPU/SP) está aguardando a liberação do terreno pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil para iniciar as tratativas com a Prefeitura de São Paulo sobre a destinação do imóvel".

"De forma que, assim que o local estiver liberado, o governo federal também decidirá o destino dos entulhos", disse o comunicado.

Nesta segunda (14), engenheiros contratados pela seguradora dos prédios interditados farão vistorias no interior dos edifícios. Se não houver problemas estruturais, devem encaminhar documentos a Prefeitura solicitando o fim da interdição.
 

Neste sábado (12), a Polícia Técnico-Científica identificou os restos mortais dos irmãos gêmeos Wendel e Werner, de 10 anos, informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

“Os últimos que foram identificados foram os gêmeos, já confirmados. As únicas vítimas crianças que existiam foram os gêmeos que o IML já identificou pelo setor de antropologia pelos restos mortais dos meninos”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves.

Ainda na tarde do sábado, dois ossos foram encontrados nos escombros do prédio e encaminhados ao IML para identificação.

As buscas por quatro desaparecidos foram encerradas. São eles:

  • Selma Almeida da Silva, 40 (mãe dos gêmeos);
  • Eva Barbosa Lima, 42;
  • Walmir Sousa Santos, 47;
  • Gentil de Souza Rocha, 53.

Max Mena, comandante do Corpo de Bombeiros, confirmou o encerramento das buscas pelos desaparecidos na manhã deste domingo. “Nós temos ainda quatro pessoas que ainda não conseguimos encontrar ou ser identificadas positivamente pelo Instituto Médico Legal. Porém ainda existem alguns restos mortais que não foram identificados. Mas como já ocorreu anteriormente, não necessariamente essas pessoas estavam sob os escombros”, declarou.

Segundo o comandante dos bombeiros, as buscas só foram finalizadas porque não há mais nada no local. "Nós só encerramos alguma operação quando temos total certeza de que nosso trabalho está acabado. Nós não encerraríamos o nosso trabalho se não encontrássemos o piso do segundo subsolo, e encontramos e chegamos ao limite da edificação, dali pra baixo não tem mais nada, dali para baixo é terra, não faz parte da edificação."

"Esses escombros foram retirados, removidos e checados, pelo menos, três vezes. Foi um trabalho de detalhe, em razão da temperatura dos escombros, pouco sobrou", lamentou Mena. Após o encerramento das buscas, os bombeiros que estavam trabalhando no local fizeram um momento de oração.

Sobre as famílias que permanecem acampadas no Largo do Paissandu, França disse que foi oferecido o aluguel-social no valor de R$ 1.200 no primeiro mês, mais R$ 400 mensais, e que moradores do prédio permanecem no local para tentar pressionar a administração pública para furar a fila da habitação.

“É para que elas possam encontrar um local provisório até que elas possam encontrar unidades novas. Tem que lembrar que tem muita gente na mesma fila, não é justo tirar pessoas que estão na fila há anos, temos que encontrar uma solução para dar mais agilidade nas entregas”, afirmou.

Identificados

A Polícia Técnico-Científica identificou os restos mortais dos irmãos gêmeos Wendel e Werner, de 10 anos. Os corpos dos meninos foram achados na quarta-feira (9), no local do desabamento. A mãe deles, Selma Almeida da Silva, de 40 anos, não foi localizada.

Também foram identificados Francisco Lemos Dantas, de 56 anos(identificado na sexta-feira, 11 de maio) e Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, de 39 anos (identificado pelas digitais em 4 de maio).

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