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Ha 4 anos, saudade da roça fez Arnaldo adotar canteiro para cuidá-lo

Há 4 anos, Arnaldo dedica tempo ao canteiro da Avenida Fábio Zahran. (Foto: Alex Machado) Há 4 anos, Arnaldo dedica tempo ao canteiro da Avenida Fábio Zahran. (Foto: Alex Machado)

Comportamento

Há 4 anos, professor cuida com carinho do lugar onde plantou mais de 500 árvores frutíferas

O carinho, a dedicação e a persistência de Arnaldo Grego, de 57 anos, pode ser visto na extensão de 1.500 metros do canteiro da Avenida Fábio Zahran. Nos últimos 4 anos, o professor  plantou sozinho mais de 500 árvores frutíferas que são diariamente cuidadas por ele. Criado na roça, Arnaldo é feliz quando está com as mãos na terra cultivando e cuidando da natureza.

Natural de São João do Pau D'Alho, interior de São Paulo, Arnaldo cresceu com a família, que trabalhava numa lavoura de café. Formado em matemática, ele veio para Campo Grande em 2000 após passar num concurso da área. Embora tenha passado 30 anos atuando em escolas e salas de aula, o professor nunca esqueceu a origem que é motivo de orgulho.

O projeto  pessoal de plantar e cuidar do canteiro da Avenida Fábio Zahran começou para trazer um benefício geral. O professor comenta que as plantas frutíferas ajudam as pessoas e os animais. “Se tem um lugar livre e eu plantar um pé de fruta os passarinhos terão alimento, as crianças vão poder subir no pé e comer goiaba. É pra todo mundo, é público e o benefício é grande”, afirma.

Antes de se aposentar, Arnaldo conseguia visitar o 'pomar’, como gosta de chamar, somente nos finais de semana. Por morar próximo ao canteiro, o professor hoje consegue ir duas vezes ao dia no local. De manhã quando sair para caminhar, ele leva a tesoura de poda para aparar alguns galhos e a tarde aproveita para carpir o terreno.

Além desses cuidados, ele relata quais são os outros que tem com o canteiro. “Quando vou caminhar também levo o veneno para controlar a formiga, porque dependendo do jeito que ela comer ela mata. Eu coloco estacas ao lado da fruta para quando vierem roçar com a máquina a planta não morrer”, explica.

Em casa, o professor tem 150 mudas que estão esperando a época certa de fazerem companhia para as outras árvores do canteiro. Na Avenida Fábio Zahran, Arnaldo já plantou romã, goiaba, conde, manga, limão, chirimoia, mamão, acerola, pinha, pitanga, cajá-manga, graviola e carambola. Algumas das mudas, ele mesmo cultivou, mas outras diz ter recebido da Prefeitura de Campo Grande.

Como as árvores estão em local público, o cuidador comenta que presenciou o estrago deixado por aqueles que levaram o que foi plantado. “Tem as pessoas que pegam um pedaço de pau e quebram e aquelas que roubam”, comenta.

Apesar dessas situações terem acontecido mais de uma vez no último ano, Arnaldo garante que nunca perdeu o ânimo. O amor, segundo ele, é essencial. "Isso é um trabalho que tem que ter amor pelo que faz, porque não é fácil. Me falavam que eu não ia conseguir e desistir, porque as pessoas são muito maldosas. Não tem problema, robam uma eu planto duas, quebram uma e eu planto duas", ressalta.

Na visão do professor, o trabalho vale a pena quando ele vê alguém colhendo os frutos. “O mais belo pra mim é você colocar a semente da fruta, colocar na terra, passar para a caixinha de leite, levar ela na avenida, ela crescer, produzir e as pessoas pegarem e comerem. Isso é o mais gratificante que tem”, destaca.

O orgulho das raízes não está presente somente nas palavras do professor. Na residência onde vive com a esposa Lígia, ele guarda na parede os aparelhos que faziam parte do cotidiano na roça. Na varanda estão o torrador e moedor de café, a 'matraca' que é a plantadeira e a velha espingarda bico de pato. "Isso tudo faz parte da minha história", resume Arnaldo.

Sem planos de parar o cuidado com o canteiro, o professor conclui a entrevista falando da atividade que é razão de alegria diária. “Você sai da roça, mas a roça não sai de você. Eu tenho orgulho de ser da roça, porque fui trabalhador e não desonesto. Eu só vou ficar parado no dia que Deus quiser. Pra mim é algo que alimenta minha alma, faço bem para a natureza e sem olhar a quem”, finaliza.

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