A área ocupada com Agricultura em Mato Grosso do Sul passou de 5.284.089 hectares em 2017 para 5.476.878 no ano passado, segundo dados da Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na contramão dos demais estados produtores de grãos do país, que apresentaram redução ou ficaram estagnados, a área agricultável em Mato Grosso do Sul teve um substancial aumento de 3,6% em apenas um ano, o que potencializou a produção tanto de milho quanto de soja na safra passada e na atual, que está em fim de colheita.
Na avaliação do secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), esse fato se deve a uma conjuntura que tem favorecido o agronegócio em Mato Grosso do Sul nos últimos anos. Programas de governo que incentivam a produtividade e diversificação da produção estão nesse leque de boas ações, além de melhorias na logística, com alternativas para escoamento da safra pelos portos de Porto Murtinho e Ladário e os avanços das negociações para concretizar os corredores bioceânicos rodoviário e ferroviário via Chile e Peru.
“O campo tem respondido de forma dinâmica e positiva aos acenos do governo em apoio ao aumento da produção e da produtividade, tanto na Agricultura quanto na Pecuária, através de programas como o PDAgro e o Precoce MS. Ao mesmo tempo o governo investe na melhoria da logística, articula ações e investimentos, enfim, cria o ambiente favorável e seguro para o empresário. Isso tem destacado Mato Grosso do Sul em nível nacional e internacional, de modo que recebemos todos os dias consultas e propostas de novos investimentos”, disse.
O PDAgro (Programa de Desenvolvimento da Produção Agropecuária), por exemplo, oferece redução da carga tributária para as culturas de algodão, milho, feijão, arroz, sorgo, trigo e girassol de Mato Grosso do Sul. Os produtores inscritos podem receber benefícios fiscais de renúncia do ICMS estadual, desde que superem um patamar de produtividade de cada uma dessas culturas. O desconto no imposto incide sobre esse superávit. Há estudos para incentivar outras variedades, como o amendoim e o grão-de-bico.
Super safras
Com mais área para plantar, investimentos em pesquisas e tecnologia que resultam no aumento da produtividade, Mato Grosso do Sul tem colhido volumes expressivos de grãos nos últimos anos. Foram 9,8 milhões de toneladas de soja, 7,4 milhões de toneladas de milho, 49,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, além de outras culturas com safras menores. Considerando a sequência de 2000 a 2018, “nota-se um processo de especialização da produção no estado”, diz o boletim do IBGE.
Isso é resultado das parcerias do governo do Estado com fundações e instituições de pesquisas, destacou o superintendente de Ciência & Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta. “O governo tem parcerias com as três Embrapas e duas fundações que desenvolvem pesquisas e transferem tecnologia para o produtor. Isso reflete de imediato no aumento da produtividade”.
Para a safra 2019/2020 está sendo estimada colheita recorde de milho com mais de 11 milhões de toneladas. Em 2017 o Estado colheu 9,8 milhões de toneladas, volume recorde que seria superado na safra do ano passado, não fossem as más condições climáticas que causaram perdas elevadas na lavoura. Esse ano tudo correu bem, a área do milho aumentou: de 1.918 milhões de hectares para 2.173 milhões de hectares, e a produtividade média se mantém em 88 sacas por hectares.
Menos pasto
A agricultura tem crescido em Mato Grosso do Sul sem abertura de novas áreas. O crescimento se dá sobre a área ocupada pela pecuária, que também sofre transformações no modo de produção de maneira que reduz o espaço e mantém o rebanho. Levantamento da Semagro demonstra isso. Nos últimos 9 anos, a área ocupada com pastagem caiu de 25 milhões de hectares para 18,6 milhões/ha, porém o Estado continua com 20 milhões de cabeças de gado.
Esses 6,4 milhões de hectares que deixaram de ser área de pastagem receberam novas culturas. A área ocupada com grãos (soja, milho) saltou de 1,84 milhões para 3.024 milhões no período; a silvicultura (eucalipto, seringueira) também agregou bastante, de 770 mil hectares para 1,111 milhão. Já a cana-de-açucar, em 2010 tinha área de 593 mil hectares e hoje soma 977 mil hectares. Outras culturas passaram de 540 mil/ha para 983 mil/ha.
“O importante é que Mato Grosso do Sul tem como aumentar sua área agrícola e também a produtividade, o que torna o Estado uma boa alternativa de investimento”, pondera Beretta. Lembrando que Mato Grosso do Sul tem um remanescente de vegetação nativa arbórea de 35% (a lei obriga conservar 20%) e 85% no Pantanal, onde a obrigatoriedade é manter 50%. “O crescimento da Agricultura não pressiona o meio ambiente. Nosso foco é agregar área da pecuária, com isso se promove a melhoria na conservação e fertilidade do solo”, completou.
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