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IFMS lidera número de projetos apresentados em Feira de Engenharia

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Pelo segundo ano consecutivo, o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) é a instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que reúne o maior número de projetos de pesquisa finalistas na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). A edição 2019 do evento científico, considerado o maior de ensino médio do país, teve início nesta terça-feira, 19, na capital paulista.

Estudantes do IFMS apresentam 14 projetos em 12 diferentes áreas: Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Ciência da Computação, Botânica, Educação Física, Educação, Sociologia, Agronomia, Microbiologia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Matemática, Arquitetura e Urbanismo, e Materiais e Metalúrgica.

A diversidade de áreas pesquisadas e o alto número de projetos finalistas são, na visão do pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFMS, Marco Naka, resultado de um trabalho de estímulo à produção científica.

"O IFMS abre oportunidades para que seus estudantes desenvolvam pesquisas multidisciplinares, o que permite que diferentes vocações sejam potencializadas. As feiras organizadas anualmente pelos campi da instituição são também elementos motivadores, uma vez que criam a cultura de participação em eventos científicos locais, estaduais, nacionais e, em alguns casos, até internacionais", ressaltou o pró-reitor.

Um dos projetos finalistas do IFMS trata da "Aplicação de sensores microcontrolados no monitoramento do armazenamento de soja em silo bolsa"e é desenvolvido pelos estudantes do curso técnico em Informática de Nova Andradina, Carlos Daniel Machado, João Eduardo dos Santos, ambos com 18 anos, e Shellen Ortney, 17.

Sob orientação dos professores Fernando da Conceição e Renato Garcia, os estudantes criaram um sistema para evitar perdas de grãos em silos bolsas.

"Dados da Embrapa revelam que as perdas nesse tipo de silo são exorbitantes, o que poderia ser evitado por meio do monitoramento dos grãos armazenados. Desenvolvemos um sistema com a aplicação de sensores. Atualmente, a pesquisa tem os desafios de reduzir o sistema a uma pequena cápsula, para não ser tão invasivo, e de utilizar o wi-fi e não o bluetooth, como está sendo usado", explicou Carlos Daniel.

O estudante, que pela primeira vez participa de um evento científico nacional, destaca os benefícios que a iniciação científica trouxe à vida dele.

"A experiência é contagiante porque buscamos cada vez mais aprender com o que estamos tendo contato. Se não fosse o IFMS, seria apenas mais uma ideia. É maravilhoso ter recursos para realizar um trabalho que terá efeitos no âmbito social e cultural. Nessas feiras das quais participamos, abre-se um novo horizonte de conhecimento", destacou Carlos.

Outro projeto apresentado na Febrace é o que prevê o "Planejamento logístico para otimização do atendimento de saúde e segurança pública móvel em Coxim (MS)", desenvolvido pelos estudantes do curso técnico em Informática do IFMS no município, Eitor de Paiva, Mariana Nogueira, ambos com 18 anos, e Thiago Ferronatto, 17.

A pesquisa, que tem como orientadores os professores Fernando Alves e Ricardo de Oliveira, utiliza a Matemática Aplicada para otimizar o atendimento móvel de saúde e segurança pública.

"Nós criamos uma aplicação gráfica capaz de orientar o atendente sobre a localização do cidadão, que será enviada via GPS junto de um pré-cadastro, o que poupará o tempo do atendimento. Pretendemos, assim, salvar a maior quantidade de vidas possível e facilitar o serviço daqueles que tanto nos ajudam", explicou Eitor.

O projeto, que ficou em 4º lugar entre as pesquisas da área de Matemática e Física na edição 2018 da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), pretende inovar os serviços móveis no país.

"A modelagem matemática já foi concluída e boa parte do aplicativo também está pronta. A proposta é de uma tecnologia que, se de fato funcionar como o planejado, trará grande inovação aos sistemas de cálculo de rotas, abrindo portas para a otimização de muitos outros serviços que envolvam o uso de rotas em mapas", finalizou o estudante.

Da área da Arquitetura e Urbanismo, o IFMS apresenta o projeto "Tapete verde e árvores frutíferas: uma proposta de paisagismo escolar", desenvolvido pelas estudantes do curso técnico em Edificações de Jardim, Maria Vitória dos Santos, 16, Bianca Cheres, 18, e Alessandra Cacho, 15.

Sob orientação dos professores Mário César Bier e Cibele Fonseca, as jovens decidiram criar uma área de convivência para estudantes e servidores do campus, baseando-se em pesquisas sobre paisagismo escolar.

"Inicialmente, foi preciso melhorar o solo do campus, que era extremamente seco, com o plantio de plantas pioneiras, como o feijão de porco. Com o solo em melhores condições, foram plantadas árvores frutíferas como goiabeira, abacateiro, tangerina e pitangueira", explicou Bianca.

A segunda etapa do projeto é a paisagística, e já está em andamento. "Demarcamos os espaços com as pedras, arrecadamos as madeiras para os pergolados e também os pneus. Falta a execução do paisagismo, pois estamos em fase de arrecadação dos materiais. Será uma área de convivência com bastante ventilação e contato com a natureza".

Neste vídeo, as estudantes Maria Vitória, Bianca e Alessandra falam sobre a pesquisa e a expectativa para a Febrace.

A estudante do curso técnico em Eletrotécnica de Três Lagoas, Ester Mariana de Oliveira, 16, apresenta um projeto da área de Materiais e Metalurgia que busca "Uma nova alternativa para a síntese da bio cerâmica hidroxiapatita". A orientação é dos professores Maycon Rotta e Kleber Penteado.

Quando produzida em laboratório, a bio cerâmica hidroxiapatita - mineral que compõe cerca de 70% do osso humano - pode ser utilizada em implantes ou substituição óssea, e também na área ambiental.

"A pesquisa busca produzir essa bio cerâmica de forma mais rápida, barata e com a utilização de menos reagentes. No nosso caso, a ideia é utilizar esse material na área ambiental, para retirar metais pesados da água", detalhou Ester.

A estudante explica que quase todas as etapas do plano de trabalho para o primeiro semestre de 2019 estão concluídas. "Posteriormente, daremos início a novos testes de tempo e temperatura nas amostras, além de iniciarmos as análises quanto à pureza do material, finalizou.

Na primeira vez em um evento científico nacional, Ester afirma que fazer pesquisa transformou a vida dela. "Aumentou minhas responsabilidades e confiança, e diminuiu muito minha timidez".

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