O mundo inteiro aguarda ansioso a vacina contra o Covid-19. No entanto, sabemos que se trata de uma doença nova, complexa e com alto poder de contaminação e mortes. Por isto, e enquanto as grandes corporações cientificas se esforçam para entregar a vacina, milhares de cientistas, instituições e universidade de diversos países estão investindo em estudos para diminuir a mortalidade e reduzir a carga do sistema hospital.
Aqui em Mato Grosso do Sul, desde o dia 15 de junho, o infectologista Júlio Croda, junto com a Fiocruz, Universidade Federal e Hemosul estão trabalhando incansavelmente no estudo que pode ajudar e muito os pacientes com Covid 19. Trata-se de uma terapia feita com o plasma sanguíneo de pacientes que já estão curados.
A pesquisa, que tem a chancela da USP – Ribeirão Preto, visa minimizar o sofrimento dos pacientes internados em UTI, diminuindo os sintomas da infecção e da carga viral do organismo. Até agora já foram testados 20 pacientes no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, e breve também serão incluídos pacientes internados no Hospital da Cassems.
Outras pesquisas estão sendo desenvolvidas
Entre eles estão o estudo de viabilidade da vacina BCG (usada para prevenir tuberculose) na prevenção ao vírus. A iniciativa é do Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália com apoio da Fiocruz e já foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). O estudo será financiado pela Fundação Gates.
O infectologista também está participando dos estudos da possível vacina da Farmacêutica francesa Sanofi, à base de proteína, que já está em fase de testes. A conclusão dos estudos com o plasma, segundo Croda, deverá estar pronta até meados de 2021. Lembrando que a técnica com plasma já foi testada anteriormente diante da epidemia de doenças como ebola, H1N1 e até gripe espanhola.
Colapso no sistema hospitalar precisa ser evitado
Apesar de todos os esforços da comunidade científica. O prognóstico para o Brasil, segundo o cientista e ex-integrante do Ministério da Saúde, professor Júlio Croda, não é nada favorável. Segundo ele, a vacina contra o Covid 19 só deve estar disponível aos brasileiros a partir de março. E isto com sorte.
Com apenas duas opções de vacinas – AstraZeneca e Oxford – no Pais, Croda acredita que o Estado de São Paulo pode sair na frente com a CoronaVac – que será fabricada em parceria com o Instituto Butantã. “Pode ser que o Estado de São Paulo tenha a vacina antes do restante do País”, afirma.
Além disto, ele explica que a questão da prevenção e dos cuidados sanitários no Brasil, são dificultados pela desinformação e contradições do próprio Governo Federal. “A ciência fala uma coisa e o Ministério da Saúde fala outra”.
Reforço no cuidado e prevenção
Enquanto isto, enquanto os estudos estão em andamento e a vacina ainda por definir, dr Júlio Croda faz um apelo para que a população sul-mato-grossense, em especial a população da capital, coopere com as autoridades sanitárias e evite aglomerações, usem máscaras e pratiquem o distanciamento social. E chamam a atenção para o colapso hospitalar: ”Se não adotarmos as medidas que evitam contato, o número de infectados só tende a crescer e não teremos mais leitos para os doentes de Covid ou de outras enfermidades”, afirma.
E como cientista, médico infectologista e pai de família, ele quer dar um bom exemplo. Pela primeira vez em muitos anos, Dr Croda e sua família não viajarão para ficar com as respectivas famílias (na Bahia e em Mato Grosso) durante as festas de fim de ano. “Eu, minha mulher e meus dois filhos de 9 e 12 anos passaremos Natal e Ano Novo em casa, sozinhos”. Segundo ele, é preciso dar o exemplo, principalmente porque os próximos dias podem ser “o pior momento da Pandemia desde seu início”. “Não podemos expor nossa família nem os nossos entes queridos”, conclui.
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