94fm Dourados
Em uma madruga da infância, lá em Nioaque, o tio acordou Uberley para sair pela estrada para encontrar um pé de guavira. Até então, o menino não conhecia a fruta e entrou na aventura para acabar de vez com a vontade de experimentar. Depois de 40 quilômetros, os dois encontraram o pé, mas não a fartura que o garoto imaginava. “Era uma mixaria”, lembra.
Trinta anos depois, Uberley Santana Martins. é dono do nome “Guavira”, registrou a marca antes que algum gringo fizesse isso. “Fizeram com o cupuaçu e com o açaí”, reclama. O procedimento pode ser contestado judicialmente, por se tratar de nome de fruta, patrimônio genético nacional.
Mas ele jura que a intenção não é ganhar nada com o registro, apenas resguardar o produto que é parte da cultura sul-mato-grossense. “Aqui em Bonito tem muito estrangeiro, não era justo que um deles fosse dono do nome de uma fruta nossa”, reforça, lembrando dos japoneses que registraram o cupuaçu e provocaram a ira do governo brasileiro em 2002.
Motivos ele tem para faturar, é proprietário de uma fábrica de polpas em Bonito, onde vive há cerca de 7 anos, e que tem a guavira como carro-chefe. O técnico em Agropecuária e apicultor, diz que já rodou o Brasil a trabalho, até criar a pequena indústria que hoje abastece o comércio da região.
A colheita ainda é nativa, em propriedades rurais. Só no ano passado, depois de muita pesquisa, ele chegou a muda de qualidade e fez o primeiro plantio, que só deve dar resultado em 3 ou 4 anos. "Não temos problemas de colher aqui porque os acho que Bonito tem a maior safra de guavira do Estado", comenta Uberley.
Conseguir o registro da marca demorou dois anos e agora os planos são fazer registro no mercado internacional e junto levar a cultura. “Tem gente que diz até que guavira engravida moça. Virou lenda, porque muitos casais iam namorar no guaviral”, brinca.
Para quem gosta de guavira, estamos no período de florada. As frutas só devem aparecer na segunda quinzena de novembro.
Além da polpa, Uberley já conseguiu desenvolver a geléia de guavira e o vinho passou na fase de testes, “com resultado fantástico”, garante o dono. “É a fruta dos nossos avós, da minha infância. É a mais saborosa que já comi nesta vida”, faz a propaganda.
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