Lidar com guarda-chuva a todo momento e enfrentar lamaçal têm se tornado desafios cotidianos
Enquanto São Paulo ficou conhecida como “Terra da Garoa” pela alta frequência de chuviscos, Campo Grande costuma ser lembrada pelo céu limpo e dia iluminado. Mas, em 2023, o clima resolveu mudar e nas últimas semanas a chuva tem mostrado que o campo-grandense não está preparado para lidar com pé d’água todos os dias.
Comprovando que 2023 quis aproximar Campo Grande de São Paulo ao menos no tempo, conforme o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), fevereiro deste ano registrou 242,2 mm de chuva acumulada, valor 66% acima da média para a estação. No mesmo mês de 2022, o total acumulado foi de 73,2 mm.
Já sobre as semanas iniciais de março, o meteorologista Natálio Abraão comenta que os valores estão dentro da média. Ainda assim, ele explica que a frequência das chuvas é típica do período, “a estação é a mais chuvosa do ano e os meses de janeiro, março e fevereiro possuem os maiores índices”.
Na prática, ainda há quem não tenha se adaptado às tempestades que se formam rapidamente. E, nesses casos, a estratégia é tentar driblar as “maluquices” do tempo, como conta a assistente educacional Estefânia Estela, de 63 anos.
Até agora, Estefânia ainda não fez questão nem de comprar guarda-chuva e brinca que tem conseguido dar seus jeitos. “A gente vê a previsão, dá uma olhada no céu e tenta ir para o serviço e voltar para casa no período entre as chuvas. Vai driblando mesmo”.
Explicando o motivo de não ter desenvolvido o hábito de carregar uma sombrinha na bolsa, ela comenta que em Campo Grande a solução menor acaba sendo complicada. “Eu até tinha uma sombrinha dessas pequenas, mas como venta muito, ela não aguenta. Outra opção seria ter um guarda-chuva grande, mas a gente esquece e fica ruim para andar no ônibus”, detalha.
Mas, mesmo acabando se molhando, ela narra que tem preferido a maior frequência de chuvas do que a época de seca intensa. “A gente fica confuso, mas ao menos com a chuva ninguém fica sofrendo tanto com problema respiratório”, explica.
Com atenção redobrada devido às mudanças da chuva, Luiza Maria da Silva, de 59 anos, explica que aprendeu a levar os dias de chuva na brincadeira. “Velho não pode tomar chuva, então eu saio com meu guarda-chuva para todo canto. O problema é quando esquece, aí não tem o que fazer”.
Mesmo achando ruim precisar levar a proteção todos os dias, ela conta que Campo Grande se tornou ainda mais imprevisível. Então, o jeito é não dar trela para a sorte, mas completa que o novo costume ainda precisa ser lembrado.
No bairro Residencial Oliveira, os moradores contam que lidar com a chuva diária implica mais do que se preparar apenas com sombrinhas e guarda-chuvas. Pedreiro, Natan Enrique, de 22 anos, comenta que só sai de casa, por exemplo, com botinas.
“Quem prefere andar com outro tipo de sapato sofre. Aqui no bairro, nem precisa chover muito para ficar complicado, Uber não entra, quem tá de moto quase cai. Fica complicado chuva todo dia e é isso que tem acontecido”, diz.
Para ele, a única saída é realmente tomar cuidado durante este período e aguardar pela diminuição da frequência de chuvas. E, enquanto isso, uma das estratégias é ter uma garrafa de água por perto para conseguir limpar o sapato quando chegar ao destino.
Também moradora do Oliveira, a vendedora Priscila Odilon, de 35 anos, brinca que o jeito tem sido torcer para que a chuva não venha ao menos na hora de pegar ônibus. “Não uso sacolinha no pé, nem galocha. Na hora que a chuva dá uma diminuída, vou para o ponto e até agora tem dado certo”.
Apesar de gostar das chuvas, ela comenta que a falta de praticidade é o que acaba incomodando nas adaptações. Ainda mais porque o cenário tradicional da Capital costuma contar com céu limpo e muito sol ao invés de uma chuva integrada ao cotidiano.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Comentários