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Itaipu completa 50 anos mirando novas fontes de energia limpa e avanços tecnológicos

Hidrelétrica de Itaipu completou 50 anos de fundação no dia 17 de maio e tem apostado em energia limpa - Crédito: Divulgação Hidrelétrica de Itaipu completou 50 anos de fundação no dia 17 de maio e tem apostado em energia limpa - Crédito: Divulgação

Mundialmente conhecida pelo tamanho e a capacidade de produzir energia elétrica para parcelas significativas das populações brasileira e paraguaia, a Itaipu Binacional completa 50 anos de inauguração mirando avanços tecnológicos e ainda novas formas de criar energia limpa.

Neste contexto, investimentos em estudos e pesquisas são desenvolvidos pela empresa, não só para manter vivo o principal bem gerador da usina, que é água, como buscar alternativas não poluidoras e nocivas ao meio ambiente. 

Na semana passada, o Dourados News participou junto a outros veículos de comunicação, de uma visita técnica a convite da Itaipu Binacional. 

Durante dois dias, os profissionais puderam conhecer e entender o funcionamento da usina hidrelétrica e alguns projetos desenvolvidos no PTI (Parque Tecnológico de Itaipu), em Foz do Iguaçu (PR), além da planta da CIBiogás, que transforma dejetos de suínos em energia elétrica.

O resultado dessa expedição será contado em uma série de reportagens ao longo da semana. 

Principal fonte geradora de energia de Itaipu, a água que abastece o reservatório da usina é tratada como prioridade. São mais de 170 quilômetros de extensão desde o início do lago, em Guaira (PR), até chegar ao complexo construído entre as décadas de 1970 e 1980, quando deu início a produção na usina.

“A água é a matéria prima da usina. Quanto mais tempo tivermos o reservatório vivo, sem assoreamento, mais tempo a usina vai existir”, diz o diretor-geral do lado brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri. 

Atualmente, o tempo estimado de ‘vida’ do lago que abastece Itaipu é de 194 anos, por isso os investimentos em ações no meio ambiente no Paraná e também Mato Grosso do Sul servem para evitar assoreamento em nascentes e rios. 

“Estamos em todos os municípios do Paraná e em 35 de Mato Grosso do Sul (incluindo o território de Dourados), com corpo técnico para acompanhar 6 mil nascentes e como elas são cuidadas. Eles [técnicos] estão nas cidades visitando e fiscalizando como é realizado [o cuidado com as nascentes]. Porém, há muito o que fazer no Paraná e no Mato Grosso do Sul em relação aos investimentos ambientais”, pontuou Verri. 

Para os próximos anos, a intenção é diversificar a produção da energia limpa utilizando outras formas naturais, ampliando assim o leque de opções e o tempo da hidrelétrica. 

Nesse cenário, novos projetos já estão em pauta, como a implantação de placas solares nos fios d’água que abastecem a usina. 

“Estamos fazendo experiências com o Paraguai para usar os fios d'água e colocar placas solares já este ano. As placas serão instaladas sobre a água, já temos tecnologia para isso. Percebendo que dá certo, vamos ampliar. Então, vamos ter, não com a mesma capacidade de produção, mas em torno de 20% de Itaipu produzindo com energia solar”, destacou o diretor. 

Além da energia fotovoltaica, outras pesquisas seguem em andamento, algumas até já começam a dar resultado direto, como o uso de baterias descartadas como geradora de energia em áreas remotas do país e dejetos de suínos transformados em eletricidade na planta da CIBiogas, um braço de Itaipu, em Toledo (PR), além da SAF (na sigla em inglês, combustível sustentável de aviação).

“A usina [hidrelétrica] é uma das mais limpas na produção de energia. Mas ela também investe na diversificação. (...) Itaipu investe hoje na descarbonização do planeta, então, a gente tem essas pesquisas de desenvolvimento, mas isso não quer dizer que seja um modelo de negócio para ir ao mercado”, explica Eduardo de Miranda, diretor de negócios e empreendedorismo do PTI (Parque Tecnológico de Itaipu). 

Sustentabilidade

É do Parque que vem também uma das principais apostas de produção alternativa, através do hidrogênio para o abastecimento de veículos. 

Para isso, estudos vêm ocorrendo na forma de transformá-lo em pó, garantindo mais segurança e ampliando o espaço de armazenamento. 

No final do ano passado, um convênio de R$ 25 milhões entre o PTI e a Itaipu Binacional foi firmado para garantir a continuidade da pesquisa e a construção de um posto dentro do Parque Nacional de Itaipu. A ideia é substituir o diesel pelo hidrogênio, garantindo assim que alguns ônibus rodem o parque transportando colaboradores da empresa e turistas sem a emissão do gás carbônico.

Planos 

Recentemente a Itaipu quitou a dívida contraída para a obra e agora, por determinação do Governo Federal, o lado brasileiro começa a usar esses recursos para investimentos e amortização do preço da tarifa de energia fornecida pela usina nos próximos três anos. 

Até 2023, o acordo entre Brasil e Paraguai - que também decide sobre os valores tarifários - mantinha o preço em US$ 16,71 o MW/h, porém, saltou para US$ 19,28 MW/h entre 2024 e 2026.

Para manter o valor congelado e não impactar na população, foi decidido que Itaipu usará US$ 300 milhões ao ano [algo em torno de R$ 1,5 bilhão] para amortizar a tarifa e manter o valor anterior.

Já a partir de 2027, a ideia é repassar apenas o valor de custo, algo em torno de US$ 10 a US$ 12.

Também há outros planos voltados a questões estruturantes.

De acordo com Enio Verri, um dos exemplos é incentivar o uso de energia limpa em espaços públicos. 

“O primeiro plano nosso [quando assumiu, em 2023] foi cuidar do reservatório e isso já está andando. Segundo passo são investimentos mais amplos e estruturantes. Como, por exemplo, incentivar o uso de energia solar nos hospitais públicos. Nós podemos contribuir para eles reduzirem [custos com energia]. Vão gastar menos nisso, e poderão investir melhor em saúde pública, também diminuindo a pressão que existe sobre nós [de fabricação de energia]. Então, são situações de caráter estruturantes, visando energia de qualidade, barata e sempre pensando na política ambiental”, finalizou.

A Itaipu

A Itaipu Binacional foi fundada no dia 17 de maio de 1974. Na época, foram empossados o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva que possuem formação semelhante nos lados brasileiro e paraguaio. 

Já o início da produção de energia ocorreu 10 anos depois, em maio de 1984, quando a primeira máquina da usina foi acionada pelo técnico mineiro José Pereira do Nascimento. 

A hidrelétrica conta com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada e é líder mundial na geração de energia limpa e renovável.

Em 2023, Itaipu foi responsável por cerca de 10% do suprimento de eletricidade do Brasil e 88% do Paraguai.

 

 

 

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