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Itaipu transformará hidrogênio "em pó" para abastecer veículos e eliminar CO2 no Parque

Projeto é desenvolvido de forma experimental no Parque Tecnológico Itaipu - Crédito: Divulgação/Itaipu Projeto é desenvolvido de forma experimental no Parque Tecnológico Itaipu - Crédito: Divulgação/Itaipu

Um projeto de pesquisa visa transformar hidrogênio “em pó” e, assim, fazer com que veículos passem a rodar com boa autonomia e emissão zero de gás carbônico, um dos principais poluentes mundiais. 

A ideia faz parte de uma pesquisa iniciada no PTI (Parque Tecnológico Itaipu), que prevê ainda a construção de um posto para abastecer alguns ônibus, os fazendo trafegar pelo Parque Nacional de Itaipu transportando colaboradores e turistas. 

Na semana passada, o Dourados News esteve em Foz do Iguaçu (PR) participando de uma visita técnica a convite da Itaipu Binacional, conhecendo este e outros projetos desenvolvidos no local. 

Por conta da elaboração da pesquisa, um convênio orçado em R$ 25 milhões assinado entre o PTI e a direção da Itaipu Binacional, quer colocar a medida em prática nos próximos anos. 

Para isso, os estudos pretendem realizar o armazenamento do hidrogênio através da formação de moléculas sólidas que melhoram o volume e a densidade, ou seja, garantem maior quantidade armazenada em menos espaço, além de aumentar a segurança proporcionando menor pressão. 

“A intenção do hidrogênio em pó ocorre diante da dificuldade de armazenamento e transporte, além de ser altamente perigoso, explosivo”, explica o pesquisador do PTI, Adalberto Teógenes Tavares Junior. 

Quando em operação, todo resíduo liberado pelos veículos será o vapor da água. 

“Diferente dos outros combustíveis, a vantagem é que ele não tem carbono, não gera CO2. O resíduo é o vapor da água e isso é pauta mundial. Não é moda, é estratégia”, citou Tavares Junior. 

O objetivo do estudo é fazer com que até o próximo ano, parte dos 40 ônibus que atuam na região de Itaipu sejam convertidos - existem conversas com empresas para uso da tecnologia - e comecem a operar dentro da estrutura do Parque Nacional, já com o posto em funcionamento. A autonomia prevista para cada transportador é de 300km. 

Porém, ainda há empecilhos para que essa produção se torne viável e se estenda à população e indústria em um futuro próximo, como, por exemplo, o preço do produto no mercado. 

O alerta é do diretor-geral da Itaipu Binacional, Enio Verri. De acordo com ele, apesar do assunto estar em pauta em todo o planeta e dentro do PTI há mais de 10 anos, há muito o que ser estudado como forma de barateamento do custo de produção. 

“Hidrogênio verde é muito sonho, expectativa. Mas ainda há muito o que ser conquistado, porque a questão é o preço deste produto hoje. Ele é muito caro e não tem demanda para atender em grande escala. Há ainda muito estudo para ser feito”, disse aos jornalistas durante entrevista na sede da Itaipu Binacional. 

Pioneira

A planta que estuda o hidrogênio foi instalada há 12 anos dentro do Parque Tecnológico Itaipu.

Com as mudanças climáticas e o meio ambiente pautando as discussões mundiais, a transformação do hidrogênio é um dos assuntos tratados com bastante ênfase pelos pesquisadores. 

“O hidrogênio verde está na moda agora, mas nós já temos uma bagagem de 10 anos de pesquisa, estudo e aprimoramento. Nossa planta é experimental, então produzimos uma quantidade baixa de hidrogênio, mas fizemos diversos testes com as indústrias, universidades e com as [empresas] parceiras”, comenta Eduardo de Miranda, diretor de negócios e empreendedorismo do PTI. 

Como citado por Verri, um dos principais desafios é a produção em grande escala do  produto, incluindo toda a logística de transporte e armazenamento aliadas ao perigo de explosão.

“Por isso nós estamos apostando na pesquisa do hidrogênio em pó, que é pegar a molécula do hidrogênio e colocar em forma sólida para que a gente facilite essa questão de transporte e armazenamento”, contou Miranda. 

Auxílio de robô

Outro projeto desenvolvido pelo PTI e que vai auxiliar os trabalhos dos pesquisadores na planta de hidrogênio é de um cão robô. Batizado de ‘Spot’, atualmente existem duas unidades prontas no país. Uma delas atende a Petrobras, no Rio de Janeiro (RJ) e a outra está no Parque Tecnológico. 

Segundo o gerente do Centro de Tecnologias Aplicadas, Willbur Souza, a intenção é usar o robô em áreas críticas. 

“Ele entra em locais considerados perigosos para a presença humana. Com uma câmera instalada no cão, os dados chegam de forma mais precisa aos técnicos. Serve para as partes térmicas, ruídos, vazamentos de gás ou líquidos”, explicou aos jornalistas durante apresentação. 

A ideia inicial é que o robô seja utilizado na indústria, porém, a previsão é que no futuro ele possa funcionar de outras formas, como eventos críticos [mapeamento de áreas de incêndio e ameaças de bombas, por exemplo].

O ‘Spot’ utiliza a tecnologia 5G e é constituído por quatro pernas plenamente articuladas, inteligência artificial, câmeras, sensores térmicos, microfones e caixas de som.

O repórter viajou a Foz do Iguaçu (PR) a convite da Itaipu Binacional. 

 

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