A JBS informou nesta terça-feira (20) que fará um programa de desinvestimentos de R$ 6 bilhões. O plano da empresa inclui se desfazer de sua fatia de 19,2% na empresa Vigor Alimentos S.A, além da participação acionária na Moy Park e dos ativos da Five Rivers Cattle Feeding e fazendas.
"O programa de desinvestimento visa a redução do endividamento líquido e consequentemente a desalavancagem, fortalecendo estrutura financeira da companhia", disse a JBS em nota. O plano ainda está sujeito à aprovação do Conselho de Administração da empresa e anuência do BNDESPAR.
Os R$ 6 bilhões estimados pela empresa do plano de desinvestimentos devem se juntar ao montante de RS 1 bilhão já anunciado da venda das operações da companhia na Argentina, Paraguai e Uruguai. Em entrevista à revista Época publicada neste fim de semana, o presidente do grupo J&F, dono da JBS, Joesley Batista, disse que a empresa vai fazer "desinvestimentos sufucientes para virar essa página".
"Vamos vender o que for preciso para recuperar as contas e a nossa credibilidade."
Crise
A JBS está envolvida em um escândalo de corrupção envolvendo o governo de Michel Temer. Desde a divulgação das primeiras notícias sobre a delação da empresa, a perda em valor de mercado se acumula em R$ 8,6 bilhões, segundo cálculo do G1 com base em dados da Economatica. A empresa já vinha de um cenário adverso depois da Operação Carne Fraca, em março. Desde a operação, a perda acumulada é de R$ 15,3 bilhões.
Na entrevista à Época, Batista, Michel Temer, de chefe "da maior e mais perigosa organização criminosa" do Brasil. O empresário ainda descreveu o esquema de corrupção entre a empresa e agentes públicos, citando outros nomes como o do ex-presidente Lula, o senador afastado Aécio Neves, o deputado afastado Eduardo Cunha e o senador Renan Calheiros.
O Palácio do Planalto divulgou nota na qual diz que o empresário é "bandido notório" e "desfia mentiras". A defesa de Temer ainda protocolou na Justiça uma queixa crime por calúnia, injúria e difamação contra Joesley.
O acordo de colaboração premiada da JBS foi assinado e homologado pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo acordo, sete executivos da JBS e da J&F se comprometeram a pagar multa de R$ 225 milhões e a colaborar com as investigações.
A JBS também é alvo de sete investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre as ações investigadas estão supostas irregularidades como o uso de informações privilegiadas pelo frigorífico em negociações de dólar futuro e ações.
A empresa é acusada de fazer operações irregulares de compras de dólar e venda de ações do grupo JBS que teriam resultado em lucro por causa da delação. Na entrevista à Época, Joesley negou e disse que as operações foram feitas dentro das regras. Disse que os bancos estão restringindo o crédito e que precisava de dinheiro. "Eu tenho a ações e preciso vender para fazer dinheiro. Não tem mistério."
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