DOURADOS

Jovem pede indenização de R$ 200 mil por ‘jogo de empurra’ entre UPA e HV

Em 2016, quando tinha apenas 10 anos de idade, ficou 180 dias sem colocar o pé no chão, impossibilitada de brincar, e agora carrega sequelas, segundo advogado

Atendida na UPA em 16 de abril de 2016, criança foi operada no Hospital da Vida quase 20 dias depois (Foto: Divulgação) Atendida na UPA em 16 de abril de 2016, criança foi operada no Hospital da Vida quase 20 dias depois (Foto: Divulgação)

Representada pela mãe, uma adolescente ingressou com processo em que pede indenização de R$ 209.000,00 por danos morais e estéticos decorrentes do que classifica como “jogo de empurra” entre a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 Horas e o Hospital da Vida, ocorrido no ano de 2016 em Dourados, quando tinha apenas 10 anos de idade. 

Em trâmite na 6ª Vara Cível da comarca desde o dia 1º de abril, essa ação já foi recebida pelo juiz José Domingues Filho, que determinou a citação dos réus, Município de Dourados e Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), para apresentarem resposta no prazo legal.

Na petição, o advogado afirma que após sofrer um incidente doméstico no dia 16 de abril de 2016, quando cortou o pé ao pisar em um caco de vidro, a menina recebeu atendimento na UPA, mas o caso teve agravamento e foram necessários quase 20 dias até uma solução cirúrgica, aparentemente tardia.

Isso porque, segundo a narrativa que acompanha o pedido de indenização, após cirurgia do dia 4 de maio de 2016, no Hospital da Vida, a menor ficou quatro meses sem poder colocar o pé direito no chão, durante os 180 dias do atestado médico.

“Passado esse período, ela caminha com dificuldade e não pode correr. Frise-se que na época do ocorrido ela era uma criança de 10 anos de idade, que por consequência de procedimentos mal realizados por agentes das Requeridas, ficou impossibilitada de brincar por um longo período e agora carregará as sequelas disso pelo resto de sua vida, visto que já se passaram quase 4 anos e ela ainda manquitola da perna direita”, detalha o advogado.

Ele narra que depois do primeiro atendimento na UPA, em 16 de abril, quando houve a limpeza e a sutura do ferimento, em 25 de abril a menina precisou ir a um posto de saúde tirar os pontos e teve febre. Mesmo medicada, no dia 30 daquele mesmo mês voltou à UPA, de onde foi liberada com receituário para mais medicação.

Ainda segundo a narrativa do processo, pálida e com olheiras, ainda sentido dor e febre, a menina foi levada a uma clínica particular onde exames de Raio X e Ultrassonografia indicaram a presença de um vidro de aproximadamente 7 milímetros dentro do pé, que não cicatrizava.

De volta à UPA, ela foi aconselhada a procurar uma unidade básica para solicitar encaminhamento ao Hospital da Vida. Com o documento em mãos, voltou à unidade hospitalar em 2 de maio e foi liberada mesmo com febre e muita dor. No dia seguinte, 3, voltou ao posto de saúde e obteve novo encaminhamento, mas no hospital foi aconselhada a buscar a UPA, onde, por sua vez, lhe disseram que a situação era para o hospital.

Percebendo o que classifica como “jogo de empurra” entre UPA e Hospital da Vida, duas unidades de saúde administradas pela Funsaud, recorreu ao Conselho Municipal de Saúde e somente com essa intervenção foi internada para o procedimento cirúrgico, iniciado pouco depois das 11h do dia 4 de maio.

Contudo, a médica responsável pela cirurgia informou à mãe da menina que não foi encontrado nenhum fragmento de vidro, mas havia ruptura do tendão. A petição acrescenta que como a média não preencheu campos “início”, “fim”, e “duração” do procedimento, a família diz que a ausência de tais informações causa imensa dúvida sobre a presença ou não do corpo estranho no pé direito da menina, até porque relatório de enfermagem apresenta uma anotação de técnica de enfermagem que informa a retirada de corpo estranho no pé direito.

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