O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se réu na terceira ação decorrente da Operação Lava Jato nesta quinta-feira (13). O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em Brasília, aceitou integralmente a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, na segunda-feira (10), contra Lula, Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e mais oito pessoas. Na ação, Lula é acusado de organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Lula é acusado de atuar para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberasse financiamento a obras tocadas pela Odebrecht em Angola. O trabalho de Lula em prol da Odebrecht foi revelado por ÉPOCA em 2015. As investigações se referiam inicialmente ao período em que Lula já havia deixado a Presidência. A Procuradoria afirma que Lula cometeu o crime de corrupção passiva, ao beneficiar a Odebrecht entre 2008 e 2010, quando ainda era presidente da República, e de cometer o crime de tráfico de influência por tentar ajudar a Odebrecht após deixar o cargo.
Lula é acusado de receber pagamentos indevidos também por meio de palestras feitas a convite da Odebrecht em países africanos. "Apesar de formalmente justificados os recursos recebidos a título de palestras proferidas no exterior, a suspeita, derivada inicialmente das notícias jornalísticas, era de que tais contratações e pagamentos, em verdade, prestavam-se tão somente a ocultar a real motivação da transferência de recursos da Odebrecht para o ex-presidente Lula", diz a denúncia. A LILS, empresa de palestras do ex-presidente, também recebeu dinheiro sujo do esquema, mas a Procuradoria não divulgou o valor. Os procuradores afirmam que o esquema movimentou R$ 30 milhões no total.
De acordo com a denúncia, a construtora repassou R$ 20 milhões à Exergia, firma de Taiguara, em troca da liberação dos recursos. Depois, a Exergia gastou pelo menos R$ 20 mil em despesas de um dos irmãos de Lula, José Ferreira da Silva, o Frei Chico. Taiguara criou a empresa Exergia Brasil em 2009. "Embora não tivesse qualquer experiência prévia no ramo de engenharia", a Exergia foi contratada pela Odebrecht, embolsando R$ 20 milhões entre 2009 e 2015. O contrato era uma "peça de ficção caracterizando lavagem de dinheiro", afirmam os procuradores.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o petista, afirmou que o ex-presidente não interferiu no BNDES, que toma suas decisões por meio de um colegiado. Martins disse ainda que há comprovação dos serviços de palestras. Afirma ainda que Lula não tem nenhum envolvimento com os negócios de Taiguara. A Odebrecht não comenta a denúncia da Procuradoria.
Comentários