Uma mulher procurou a Polícia Civil de Dourados no final da tarde de terça-feira (26) para denunciar suposta omissão após a morte de seu filho, de 33 anos, que estava internado no Hospital da Vida há um mês. Diagnosticada com craniofaringeoma com hidrocefalia obstrutiva desde agosto deste ano, a vítima teria contraído infecção bacteriana generalizada durante a internação. A direção da unidade nega ter sido omissa e detalhou o quadro clínico.
De acordo com o registro da ocorrência feito pela mulher, o paciente passou por várias internações na unidade hospitalar, a última delas ontem, data do óbito. Ela relatou ter prestado várias declarações ao MPE-MS (Ministério Público Estadual) informando negligência com a vítima diante de seu estado clínico.
No depoimento, ela acrescentou que a direção do HV alegou que o serviço de neurocirurgia do hospital tem como atribuição o atendimento de casos de urgência e emergência neurocirúrgica (casos graves), sendo que, as neurocirurgias de natureza eletivas devem ser encaminhadas ao centro de referência para neurocirurgia de alta complexidade do SUS (Sistema Único de Saúde) via Sisreg.
Quanto à vítima, declarou que em 14 de agosto foi diagnosticada com tumor cerebral com aspecto benigno sem necessidade de tratamento de urgência, razão pela qual houve encaminhamento ambulatorial em centro de referência SUS. No entanto, a solicitação via Hospital da Vida ao Sisreg não ocorreu e o paciente foi reintegrado à unidade hospitalar em 7 de outubro.
Em 26 de outubro o paciente teve nova internação, desta vez com quadro de piora neurológica. Foram realizados procedimentos visando a melhora da hidrocefalia (uma derivação ventricular externa no dia 27/10/19 e uma derivação ventrículo-peritoneal em 31/10/19).
Depois, durante a internação, a vítima contraiu infecção bacteriana generalizada e o médico continuou a afirmar que a remoção do tumor não era prioritária, ainda segundo a mãe.
Com a morte, ela recorreu novamente ao MPE relatando que na certidão de óbito do hospital é descrito como causa morte Choque Séptico em decorrência do tumor e de procedimentos pós-operatórios, um deles OP. Craniofaringeo. A mãe da vítima diz que não foi retirado o tumor.
OUTRO LADO
Ao Dourados News, o diretor-presidente da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), Mateus Tavares Fernandes, garantiu que não houve omissão. Ele encaminhou relatório médico que detalha o quadro clínico do paciente. Portador de craniofaringioma, com indicação de ressecção eletiva, deu entrada em 26 de outubro por quadro de febre e queda do estado geral, “evidenciando diagnóstico de pneumonia aspirativa”.
Nesse mesmo relatório médico, é detalhado que o paciente estava em pós-operatório de derivação ventrículo peritoneal (DVP) por hidrocefalia obstrutiva, portanto com quadro principal (o que o colocaria em risco de morte) pneumonia grave generalizada.
A equipe médica relatou ainda que o paciente tinha sido encaminhado anteriormente via Sisreg para cirurgia ambulatorial (onde a referência é Campo Grande) e portanto esse procedimento só poderia ser realizado com paciente em situação estável hemodinamicamente e sem qualquer infecção.
“Logo vemos que a entrada dele no Hospital da Vida não foi devido ao tumor (como já dito, com indicação de ressecção eletiva) e sim a uma infecção oportunista além de distúrbios hidroeletrolíticos graves que infelizmente não foi possível controlar, tendo efeito proibitivo a qualquer transferência ou intervenção neurocirúrgica”, argumentou a equipe de neurocirurgia.
Em resumo, alegaram que o “paciente não tinha condições clínicas de sair do Hospital enquanto não fosse resolvida a causa infecciosa”.
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