Dez meses depois do início da pandemia da covid-19, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta fez análise do governo e disparou várias críticas, dizendo que o País está mergulhado em “tripla crise” , que o presidente Jair Bolsonaro tem "condução desastrosa" no enfrentamento da doença. “Eu vou dar [nota] três, está de recuperação”.
Em entrevista ao jornal O Globo, Mandetta disse que o presidente da República, Jair Bolsonaro teve “condução desastrosa” e disse não saber citar qualquer atuação “digna de nota” do governo. Também fez 'mea culpa', lembrando que se preparou para a entrada de vírus pesado, lento e isso prejudicou a estratégia adota contra disseminação.
Mandetta ocupou o ministério até abril de 2020, quando foi demitido e substituído por Nelson Taich, que também não durou muito tempo e pediu demissão. No lugar dos médicos, entrou o militar Eduardo Pazuello, que ficou interinamente no cargo até ser efetivado em setembro deste ano, quando o País já registrada mais de 14 mil mortes.
Na reportagem do O Globo, Mandetta diz o País está mergulhado na tripla crise, “de prevenção, atendimento e vacina”. Critica a falta de plano de vacinação e que o problema começa pela descrença do presidente no vírus.
“Até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira (...) Até agora não transparece que a gente vá ter a execução de um plano bem fundamentado. Parece tudo errático”, disse.
O ex-ministro conta que, quando havia recomendação de emergência em Wuhan, na China, apresentou a situação a Bolsonaro, dizendo que o Brasil precisava se organizar. “O presidente entrou em uma rota de absolutamente negar a existência disso”.
Questionado se há algum acerto no governo, Mandetta avalia que “o número de mortes fala por si” e que Bolsonaro teve “condução desastrosa”. O ex-secretário relembrou as frases polêmicas do presidente. “ ‘Manda quem pode e obedece quem tem juízo’; o ‘e daí?’; ‘não sou coveiro’; ‘gripezinha’; ‘está no final’. Está no final nada. Se teve alguma coisa digna de nota eu não saberia te citar”.
Na época em que estava no governo, disse que deveria ter tido melhor percepção da atuação do vírus, achando se tratar de disseminação mais lenta, baseado em informações da China. "Se eu soubesse que era um vírus tão competente em termos de transmissão, teria feito um sobredimensionamento de vigilância e testagem".
Caso reassumisse a pasta novamente, Mandetta disse que partiria para pool de vacinas e chamaria cientistas, personalidades e conversaria com sociedade sobre riscos e benefícios.
“Teria feito acordo com todos os produtores de vacina, não teria colocado jamais a ficha em uma única vacina. A aquisição de vacinas está sendo feita a partir da pressão da sociedade”.
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