nas ruas

Manifestação pela educação reune mais de 20 mil e fecha ruas do Centro do Rio

O Globo

Palco de mais um protesto nesta segunda-feira, o Centro do Rio teve ruas fechadas para a passeata de professores pela educação. No Facebook, mais de 82 mil pessoas confirmaram presença no ato. Por volta das 18h20m, havia cerca de 20 mil manifestantes na caminhada que saiu da Candelária em direção à Cinelândia, às 18h. A multidão ocupa pelo menos quatro quadras da Avenida Rio Branco. Em apoio à manifestação, pessoas jogam papel picado das janelas dos edifícios localizados na via.

A concentração foi marcada para as 17h, na Candelária. Às 16h30m, já havia cerca de 500 pessoas com cartazes no local, inclusive o protético Heron de Melo, que veste a sua já conhecida fantasia de Batman. Nas redes sociais, manifestantes que estão no protesto falam sobre a percepção de um menor contingente de policiais acompanhando o ato, se comparado às últimas passeatas na região. Um grupo de cerca de 20 PMs estava na esquina da Graça Aranha com a Rio Branco, protegendo duas agências, uma do Itaú e outra do Banco do Brasil. Outros 15 estavam na Rua da Carioca. Também há alguns militares nas ruas internas do Centro.

A assessoria de imprensa da PM nega que tenha havido mudanças no policiamento e queda no número de militares acompanhando os manifestantes. Ainda segundo a corporação, há no local 500 policiais do Batalhão de Grandes Eventos, além de apoio das forças de Choque de outras unidades. O clima é de tranquilidade em direção à Cinelândia.

À frente da passeata, na Avenida Rio Branco, há um grupo de dez jovens com uma criança, o que chama a atenção. Todos seguram cartazes pretos com as palavras “Tropa de profs”, em referência ao filme Tropa de Elite. Eles cantam uma paródia da música tema do longa de José Padilha, enquanto jogam estalinhos no chão. Um deles segura um tambor e o grupo simula, inclusive, um confronto em tom teatral.

Logo atrás do bando bem humorado, um grupo de cerca de 50 Black Blocs, todos mascarados e com escudos pretos, segue na passeata. Um dos manifestantes, o garçom Valdir Dantas da Silva, está caracterizado como o deputado Tiririca, com uma faixa presidencial no peito.

  • Um absurdo um garçom em Brasília receber R$ 15 mil e um professor no Rio receber menos de R$ 2 mil - opinou o manifestante.

Presidente Vargas e Rio Branco interditadas

Devido ao ato, e para garantir a fluidez do trânsito, a pista lateral da Avenida Presidente Vargas voltou a ser fechada, no sentido Candelária, na altura da Avenida Passos. O desvio é feito pela pista central. A Rio Branco segue fechada, a partir da Presidente Vargas. Quem vai para a Zona Sul pode optar pelo Mergulhão da Praça Quinze, que apresenta lentidão. Outras alternativas são o Viaduto Trinta e Um de Março e o Túnel Santa Bárbara, assim como a Perimetral.

O trânsito é lento nas avenidas Presidente Wilson e Marechal Câmara, no sentido Glória, na Presidente Antônio Carlos, sentido Candelária, e na Rua Primeiro de Março. O motorista encontra retenções também nos dois sentidos da Avenida General Justo. Trânsito lento no Trevo das Forças Armadas, sentido Ponte, e na Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira.

Os professores protestam pela educação, mas outros profissionais aderiram à passeata. Nas escadarias da Câmara dos Vereadores, há cartazes pedindo o fim da violência policial e questionando o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo dos Santos, na Rocinha.

Policiais militares chegaram à Cinelândia por volta das 15h. O governador Sérgio Cabral disse que a PM vai garantir aos professores o direito de se manifestar. Segundo ele, no entanto, a polícia terá de agir contra grupos que cometerem atos de vandalismo.

— A polícia tem que estar sempre presente para garantir o direito à manifestação, um direito mais do que legítimo. Infelizmente, grupos vão para essas manifestações com o objetivo de enfrentar a polícia, quebrar agências bancárias, quebrar lojas, prédios e o patrimônio público. Isso não tem nada a ver com a manifestação pública e democrática que sempre houve no Rio — disse o governador Sérgio Cabral.

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, também participa do ato. Ele disse que a instituição está de plantão para receber quaisquer reclamações sobre possíveis violações de direitos durante a passeata.

  • Espero que as forças de segurança tenham entendido que se trata de uma manifestação democrática e pacífica. Professores querem melhores condições de trabalho e não receber pancada da polícia.

O prefeito Eduardo Paes pediu, em entrevista à Rádio Globo nesta segunda-feira, que os profissionais tentem compreender e "se aprofundem" no plano de cargos e salários que foi aprovado na Câmara dos Vereadores na terça-feira. Ele admitiu, no entanto, pensar que os professores deveriam ser mais bem remunerados, mas lembrou que, ao longo da carreira, incorporando triênios e mudanças de nível, os profissionais do Rio se aposentam com o maior salário de todas as capitais do Brasil.

Comentários