O Sinsap/MS (Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso do Sul) encaminhou pedidos de redução de todas as atividades consideradas ‘não essenciais’ dentro das unidades prisionais do Estado, além de um aumento no efetivo de servidores.

Conforme o sindicato, o cenário nas unidades prisionais, que já era crítico por conta da superlotação, ficou ainda mais problemático com o advento da pandemia.

A PED (Penitenciária Estadual de Dourados), por exemplo, é recordista em detentos contaminados pela Covid-19, conforme levantamento que avaliou o cenário em várias penitenciárias do país.

Os números divulgados pela Agência Pública de Jornalismo Investigativo, com base em dados solicitados por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), revelaram ao menos 1.236 casos até o início de fevereiro, para uma população carcerária na faixa de 2.380 presos. 

Maior estabelecimento penitenciário do Estado, a prisão teve uma morte por coronavírus confirmada entre os detentos, além de 33 servidores contaminados.

“Nós somos a segunda maior massa carcerária do país e o confinamento é uma das características que propicia a propagação dessa doença. Temos emitido alertas e denúncias e exigido protocolos mais drásticos de combate a pandemia. A realidade da PED é de 257 celas para 2.490 presos, sendo que a quantidade de vagas [considerando essa infraestrutura física] seria de 712. Ou seja, o isolamento dos detentos é prejudicado tanto no combate a Covid, quanto no combate do crime organizado”, destacou o presidente do Sinsap/MS, André Luis Garcia Santiago.

O sindicato reivindica a redução principalmente das atividades de aproximadamente 500 detentos, que não foram suspensas. Eles desenvolvem, em barracão anexo a penitenciária, horas de trabalho para empresas conveniadas ao Estado.

“Nós queremos a suspensão das rotinas diárias, sendo mantidas somente aquelas referentes a saúde e alimentação, que são as atividades essenciais”, sugeriu o presidente do sindicato.

Atualmente, ainda conforme o Sinsap/MS, São 110 servidores penitenciários que atuam na PED, com 10 plantonistas. A grande maioria já tomou a primeira dose de vacina contra a Covid-19.

O Dourados News tentou contato com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), mas até o momento da publicação desta matéria, não houve retorno.

Ainda segundo os dados obtidos pela Agência Pública de Jornalismo Investigativo, 30 das 42 unidades prisionais de Mato Grosso do Sul tiveram casos positivos de coronavírus, o que representa cerca de 71% do total. 

Além disso, cinco prisões registraram óbitos. Até o começo de fevereiro, eram 4.102 presos contaminados e seis mortes. No último boletim com dados totais, de 9 de maio, o número chegava a 4.512 contaminações e nove mortes entre os detentos.