Na contramão da maioria dos jovens, apesar de ter apenas 27 anos, o sonho de Miguel Iniesta nunca foi ter um carro zero. O campo-grandense queria ser dono do primeiro modelo do Chevette, fabricado de 1973 a 1977, mas as dificuldades de achar o veículo impossibilitaram ele durante muito tempo de se realizar com um carro.
Foi quando achou um modelo de 1977 e decidiu que era hora de transformar o sonho em realidade. O problema era a grana: Miguel e Amanda tinham apenas economias para construir a tão sonhada casa própria. Com coragem, tanto de pegar o dinheiro guardado para o imóvel, como de pedir o valor para a esposa – que não gostou muito da ideia, Miguel finalmente comprou um Chevette e transformou ele em um verdadeiro Maverick.
A saga do Chevette 77, apelidado carinhosamente de Baby Shark, começou logo na hora da compra. O professor conta que adquiriu o veículo com a dianteira toda amassada e que, por estar fora de linha, foi muito difícil achar as peças.
“Fui em todos os ferros velhos da cidade, achei o capô apenas em um. As peças menores tive que comprar pela internet. Foram muitas peças para montar ele, cada item de um canto do país. Esses carros deveriam valer mais que os outros, pois, não se fabricam mais as peças, achar elas é como achar uma agulha no palheiro.”
A segunda etapa, não menos complicada, foi encontrar um funileiro que acreditasse na “loucura” de Miguel e topasse fazer o serviço. Com muito custo achou um profissional capacitado e contou com a ajuda de um amigo para finalizar o “possante” com os adesivos.
“Foi complicado achar funileiro, pois a maioria não gosta de mexer com carro antigo já que dá mais trabalho. O funileiro Caçula topou o desafio e o resultado foi esse, após a pintura ficar pronta resolvi dar um toque especial e adesivei ele todo junto com o meu amigo Thalisson.”
Depois que o carro ficou pronto, engana-se quem pensa que a companheira de viagem do professor é a esposa, Amanda Queiroz. Quem gosta mesmo de dar um rolê por Campo Grande é Nina, a cachorrinha de estimação da família.
“Quem mais gostou da ideia foi a Nina. Desde que o Chevette chegou ela não sai de dentro dele. Toda vez que vou sair ela já pula e quer dar um rolê. Virou minha parceira de estrada e confesso que não sei pra quem que o povo olha mais: para o Chevette ou para a Nina, pra mim que não é”, brinca.
Miguel pagou R$ 4 mil no carro, mesmo batido, e gastou mais R$ 7 mil entre peças e funileiro. O Chevette demorou 6 meses para ficar do jeito que o dono queria por conta da dificuldade em achar as peças. Hoje, sem sombra de dúvidas, o veículo está na lista das principais paixões da família.
“Acho muito mais estilosos os carros antigos, ter um carro desse representa ter estilo e personalidade. Meu carro é de 1977 e eu nasci em 1993, queria que ele conversasse comigo e me contasse tudo o que ele já viveu. Alguém um dia tirou ele da concessionária, e eu não faço ideia de quem seja essa pessoa, é muita história envolvida nesse carro, estou apenas escrevendo mais algumas páginas.”
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