Frente aos inúmeros e crescentes problemas enfrentados pela classe agrária brasileira, o setor mais importante da economia do país e, ao mesmo tempo, o mais desprezado e carente de poder decisório até mesmo nas políticas que o gerem a nível nacional e o ingerem a nível internacional (atuação de ONG’s e demais organismos nocivos a tentar reiteradamente manear a produção brasileira) pensamos ser passada a hora de uma ação abrangente a fim de obrigar, de forma lícita e robusta, a inclusão do setor na pauta política do Brasil.
A maneira de impor a vontade do setor deverá ser, ao mesmo tempo, pacífica, sustentável, lícita, consensual, poderosa e, na medida do possível, simpática.
Pacífica porque atitudes violentas, tais como depredações de bens públicos ou privados, fechamento de rodovias, repartições etc. não são aceitáveis aos olhos da população em geral, e não é antipatia, absolutamente, o que o setor deseja atrair.
Sustentável no sentido de poder ser efetivada de maneira que o resultado não seja mais prejudicial (economicamente falando) do que lucrativo para o setor e que possa manter-se, sob alguns ajustes, por tempo indeterminado, sem que isso cause o desgaste daqueles que a põem em prática e a tenham de abandonar antes da efetivação do resultado.
A licitude é o requisito essencial de qualquer demanda, isso dispensa maiores comentários.
A movimentação deve ser consensual. Não se aceitaria a imposição de medidas penalizadoras aos próprios colaboradores do movimento, tais como piquetes e represálias, nem é esse o “modus operandi’ de nosso setor. Dessa forma, se houver vantagem (sustentabilidade) entendemos que a adesão será atrativa e não necessitará de coações a fim de que os produtores se interessem em aderir.
Poderosa no sentido de ser sensível em toda, ou quase toda, a sociedade de maneira diária, real e palpável. Tem que consubstanciar-se em algo que toda e qualquer pessoa a sinta com intensidade suficiente para que questione os motivos porque está ocorrendo esse ou aquele fato, não por provocação de terceiro, mas por si mesma. A atitude tem que ter o poder de estabelecer, de forma firme e ativa, em cada cidadão, a necessidade de questionamento para satisfazer uma dúvida própria e concreta acerca de uma situação que se encontra inserido, vivenciando.
O movimento deve ter um objetivo simpático. Uma busca que se mostre legítima e agradável, na mente de toda sociedade. Não deve parecer uma imposição, apesar de sê-lo. Mais um motivo para não lançar-se mão de atitudes violentas e grosseiras que irão afastar o objetivo, que é demonstrar para a população o quanto ela própria está inserida no contexto e descer sobre o poder político uma clava da qual ele não possa contestar a legitimidade. Um pleito lícito não pode ser refutado pelo poder político nacional, sob pena de entornar-se toda a opinião pública contra ele.
Ferramentas
O instrumento a ser usado pelo setor para a mobilização do país deve ser o alimento, porém, por conta de algumas características particulares de cada tipo de alimento e suas maneiras de produção e estocagem, não são todos que se prestam, com alguma facilidade, à consecução do objetivo pretendido.
O instrumento que encerra a maior facilidade de ‘manuseio’ para o produtor são as carnes, a proteína animal, principalmente a bovina.
Temos três fontes principais de carnes: Bovina, suína e avícola. Dessas três fontes, a mais tolerável em relação ao tempo para abate é a bovina, sendo também a principal fonte de proteína dos brasileiros.
O armazenamento no atacado da carne bovina é caro e limitado. Decorre daí que tem alta rotatividade (4 a 6 dias em média, do abate ao consumo), ou seja, em uma semana o estoque nacional vai de pleno a quase zero se o abate cessar.
Eis aí então a ideia!
Não é, entretanto, uma ideia nova. Sabemos que em 1989 o governo do então presidente José Sarney, chegou ao cúmulo de decretar confisco de gado gordo daqueles que possuíssem em suas propriedades mais de 500 cabeças de boi gordo em decorrência de uma mobilização tal qual esta que se quer repetir hoje.
Naquela época, porém, a mobilização nacional foi feita de forma rudimentar, posto que não existia a facilidade de comunicação que há hoje. Basicamente foi feita por telefone (fixo), de sindicato para sindicato e com uma certa influência da UDR.
O estancamento do abate de bois no Brasil tem um efeito que encerra todas as características que elencamos acima. É pacífico, sustentável, lícito, consensual, poderoso e simpático (aos pecuaristas), além de ser muito bem realizável na prática. Já foi feito uma vez, como visto.
Quanto ao momento, temos que não houve, jamais, uma coesão tão sólida de interesses dentro do setor como está ocorrendo. Das agruras impostas pelo desmando e terrorismo imposto por demarcações de terras e expulsões de produtores de seus lares e propriedades, surge forte a união que, desde sempre, se sonhou.
São manifestações de união e espírito gregário do setor produtivo, jamais vistas no Brasil. É um momento que não pode ser desperdiçado. Porém, o que se verifica, é um corpo de força monstruosa e poder intimidante, mas sem cabeça, descoordenado, debatendo-se como se estivesse no escuro. Pois bem, já é passada a hora de botar rumo nesse colosso!
O objetivo é: Impor uma lista de exigências ao governo. Quais? Todas as demandas do setor, sem exceção! Isso acarretará, no final das contas, um incomensurável ganho para TODA A SOCIEDADE, qual seja: alimento mais barato e farto na mesa.
O que se irá realizar e quando?
Todos os produtores de carne bovina do Brasil irão interromper os abates, por 30 dias no período compreendido entre 20 de agosto e 20 de setembro de 2013.
Os demais produtores, de frango e suíno, ficam convidados, ajustando-se, desde já, dentro de seus cronogramas a fazer o mesmo.
A data de início é proposital e o movimento irá culminar no dia da Independência do Brasil, 7 de setembro, quando não haverá estoque de carne suficiente para sustentar o abastecimento durante o feriado. É uma semana festiva, com pronunciamento da Presidente em rede nacional, desfiles cívicos etc. O país, entretanto, estará sentindo o quanto depende, ao contrário do nome do feriado (Independência) daqueles de quem sempre se esquece. Será a última vez que passaremos despercebidos em um feriado tão importante.
Além de estancar o fornecimento de carne, deve-se intensificar, em toda cidade brasileira, a manifestação no dia da Independência.
Na prática, que promove, organiza e realiza os desfiles de 7 de setembro, são os prefeitos. Assim, os presidentes de sindicatos rurais e, nas capitais, os presidentes de federações e demais entidades representativas, devem alinhar-se aos prefeitos, em todo país, para promover protestos com panelas vazias (panelaço) pelas avenidas onde se realizarão os desfiles em todo país.
O setor merece e terá uma repercussão à altura de sua envergadura, pela primeira vez!
Há que se frisar o lado econômico da medida. O preço da arroba e, quiçá, de frango, suíno e até leite, irá a patamares interessantes, por conta dessa medida.
Vai ser atingida a meta de fazer o cidadão normal, brasileiro, parar diante do balcão do açougue e se perguntar porquê terá que pagar 15 ou 18 Reais por um quilo de costela. O preço da carne romperá uma barreira imposta há tempos, mesmo que a força.
Tal incremento de preços irá abalar a estrutura de metas inflacionárias e terá, internamente, impacto profundo nos programas sociais de ‘cestas’, causará súbito surto inflacionário e sem que haja tempo hábil para uma resposta governamental.
Não é humanamente possível a importação de carne num período tão escasso de tempo, mesmo que o governo alardeie o contrário e, se o fizer, irá pagar um preço altíssimo que trará maior prejuízo do que solução do problema.
Na prática, como deve ser operacionalizado o movimento “Semana da Dependência 2013”
No dia 14 de junho de 2013, estarão reunidos, em diversas cidades do Brasil, inclusive Guaira, no Paraná, uma enorme quantidade de produtores, presidentes de sindicatos e apoiadores diversos da classe produtora.
Deve ser feita uma lista com o nome de todos os representantes presentes, de todas as pessoas engajadas na causa, dos presidentes de sindicatos, associações, federações, contendo endereços de e-mail, telefones (até de parentes), e, para cada um deles, a indicação de mais dois representantes que ali não se fazem presentes, de preferência de outros estados.
A cada um desses representantes será dito que a adesão deve ser imediata e que devem alardear e cobrar as adesões ativas de todos os produtores de suas circunscrições sindicais.
Os produtores deverão ser avisados via alto falantes no dia e a imprensa (internet, jornais e televisão) deve ser chamada.
IMPORTANTE:
Não deve haver questionamento sobre a possibilidade, veracidade, operacionalidade ou qualquer indagação que possa por em dúvida a realização do movimento. Não se pode por em andamento nada se nós mesmos questionamos se é possível, isso é inconcebível, temos que dar por realizado e pronto!
A imprensa será responsável por causar um frenesi especulativo já de início. Quando a notícia se espalhar os efeitos serão imediatamente sentidos.
Uma empresa de telemarketing deve ser contratada. O custo tem que ser bancado, obrigatoriamente, pelas federações. Subsidiariamente pelos sindicatos e, por fim, na falta de apoio destes, pelos produtores em forma de rateio e doações espontâneas.
A empresa deverá encarregar-se de conclamar os presidentes de sindicatos de todo Brasil, pecuaristas, confinadores, fornecedores de insumos etc. a aderirem ao movimento.
Paralelamente, as associações, sindicatos, colaboradores, internautas, federações, CNA, e toda a cadeia produtiva, deve intensificar a adesão de todos.
Devemos cobrar federações e CNA para que publiquem o movimento em seus materiais informativos e exaltem a importância da adesão.
Deve ser criada, mas não publicada, a lista de imposições ao governo. Os objetivos só interessam à nossa classe.
Deve ser criado e publicado em todos e quaisquer meios de divulgação, um calendário nacional de mobilização e das próximas datas em que o movimento se repetirá. Deve ser determinado a cada presidente de sindicato, que imediatamente, despache junto ao prefeito de sua cidade a respeito dos desfiles de 7 de Setembro e promova entre seus associados e interessados a mobilização.
Deve ser criada uma lista de idéias que se enquadrem nos moldes aqui elencados, para que se façam avultar as manifestações e a pressão sobre o governo.
Meus irmãos, um país sério valoriza o homem rural. Nos Estados Unidos, se você quer exaltar a hombridade, a destreza, a coragem, o valor de um homem você o chama de “cowboy”. No Brasil, se quer achincalhar alguém, rebaixá-lo, chama-o “caipira”!
A união dos produtores está madura. É hora.
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