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MS volta ao mapa vermelho da covid e o que pode obrigar reativação de estruturas

Segundo o secretário estadual de Saúde, leitos podem ser reativados em todo o Estado, mas Hospital de Campanha deve ficar fechado

Em um dos meses críticos da pandemia, setembro, vítima da covid-19 era sepultada no Memorial Park, em Campo Grande (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo) Em um dos meses críticos da pandemia, setembro, vítima da covid-19 era sepultada no Memorial Park, em Campo Grande (Foto: Kisie Ainoã/Arquivo)

A nova preocupação para a saúde pública em Mato Grosso do Sul já é a chegada de uma "segunda onda" do novo coronavírus. Com uma trégua breve, de um mês, o Estado figura nesta terça-feira entre os 16 no País marcados em vermelho no mapa do consórcio de veículos de imprensa que monitora o avanço da doença no Brasil.

Conforme os dados, a aceleração da média móvel de mortes é de 28% em Mato Grosso do Sul, conforme divulgado. No mapa, toda a região central do País, avançando para sul e sudeste aparece em vermelho.

Nesta terça-feira, o boletim da Secretaria Estadual de Saúde traz 854 novos casos da doença em Mato Grosso do Sul, é o maior número desde setembro. Com os registros atualizados nas últimas 24 horas, o Estado acumula 88.965 casos confirmados e 1.697 mortes desde o início da pandemia, 4 desde ontem.

Explicação - Seguindo os números do consórcio de veículos de imprensa, a média diária de 490 mortes  na última semana representa aumento de 34% na comparação com 14 dias atrás. Entre as regiões, Centro-Oeste (56%), Sudeste (41%) e Sul (56%) apresentaram aceleração (ou seja, tendência de alta) na média diária de mortes. O Nordeste (-4%) e o Norte (15%) permaneceram estáveis.

Uma possível reativação de UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), por exemplo, é indicativo de que a pandemia não só ainda não acabou, como pode vir a piorar em Mato Grosso do Sul.

Ao Campo Grande News, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, afirma que nos próximos dias haverá uma CIB (Comissão Intergestora Bipartite) entre a SES (Secretaria Estadual de Saúde) e secretarias municipais dos municípios do Estado, para avaliar se será necessário o restabelecimento de unidades e equipamentos médicos.

Vamos conversar sobre a reativação de leitos de UTI, de alguns leitos clínicos, para suportar uma segunda onda que está 'visível' aí. Estamos fazendo levantamentos, mas temos insumos apropriados, além de laboratórios funcionando a todo vapor. Vamos mobilizar equipes da mesma forma como temos feito, para ter o mesmo 'padrão' da doença", explica o secretário.

O titular da pasta também ressalta que devido à implementação de novas estruturas nos hospitais públicos e privados de Campo Grande, motivada pela pandemia da covid-19, é provável que não seja necessário a reativação de unidades temporárias como o "Hospital de Campanha" criado nos arredores do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul).

Ele diz que o Governo permanecerá "atento", ao mesmo tempo em que cobra uma maior atenção por parte da população. "Estamos atentos, temos feitos observações e orientando nossa gente, mas infelizmente a população deveria se preparar mais e atender mais os apelos das secretarias de Saúde".

Internações - De acordo com dados consolidados da SES (Secretaria Estadual de Saúde), a quantidade de pacientes que tiveram complicações com a covid-19 e se internaram em hospitais públicos teve o maior crescimento no mês de julho.

De agosto até o fim de setembro, se manteve no ápice registrado em Mato Grosso do Sul, e só começou a ter crescimento expressivo em outubro. Desde então, o SUS (Sistema Único de Saúde) tem hospitalizado quantidade mais estabilizada de pacientes - mais ainda maior que junho.

Já entre as unidades de hospitais privados, conforme reportado ontem (17) pelo Campo Grande News, houve aumento recente na quantidade de hospitalizações. Resende menciona que a pequena crescente nessa segmento hospitalar pode ter tido relação com aglomerações causadas durante o período eleitoral.

Ele menciona que há alto volume de casos novos registrados pela pasta, sobretudo na Capital. "Há uma rebeldia, uma cultura do nosso povo, do brasileiro e do sul-mato-grossense, em achar que [a covid-19] não vai acontecer com ele".

"Mesmo com pequeno acréscimo nos hospitais públicos, eles estão cobrindo as internações. Mas entre os [hospitais] privados, há um pequeno aumento sendo notado. O próprio processo eleitoral fez com que tivesse concentrações de pessoas. A população já estava 'rebelde', mas a eleição contribuiu, mesmo não sendo determinante", diz.

O crescimento, nesse segmento hospitalar, tem sido mais irregular - os picos foram verificados no início de agosto e no fim de setembro. Mesmo com queda apresentada a partir da metade do nono mês do ano, houve crescimento de internações até o início de outubro, quando o índice decaiu novamente.

As pessoas estão se infectando muito mais, principalmente entre os mais jovens. Felizmente, entre essa faixa etária, não está se revelando em internações hospitalares", comenta o secretário.

Segunda onda - Especialistas apontam a chegada de uma “segunda onda” do novo coronavírus em diversos países do mundo. De acordo com publicação da Agência Einstein, depois de queda significativa no número de casos e óbitos pela doença, a Europa tem vivido uma segunda onda de covid-19 que, novamente se espalha de forma rápida.

Países como França e Alemanha já retomaram medidas de controle, como o lockdown, para conter algo que já era previsto e esperado pela comunidade médica.

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