“Até ontem eu deixava minha filha na escola e achava que ela estava segura. A partir de hoje, tudo muda”, disse nesta quarta-feira (13) a educadora social Romilda Pizani, 41 anos, ao se referir a tragédia em escola de Suzano (SP). Até agora, são oito mortos e nove feridos entre alunos, funcionários e comerciante. Os dois assassinos eram ex-alunos da Escola Estadual Raul Brasil.
Romilda é mãe de uma menina que estuda na rede municipal de ensino em Campo Grande e afirma que após receber a notícia da barbárie ocorrida no estado vizinho, o que fica é o medo. “A sensação é de incerteza. Tudo o que consigo pensar é nesta cultura quem vem se legitimando que tem como "símbolo a arma”, destaca.
Para ela, não basta reforçar a segurança nas escolas se quem a frequenta continuar com a cultura da violência. “Defendo que educação aliada com a cultura são a saída para que tragédias como está sejam evitadas”, disse.
Já a secretária Jeane Machado, de 40 anos, afirma que a saída para evitar que crimes como este não ocorram é reforçar a participação dos pais na vida dos filhos. “Os pais precisam acompanhar a vida escolar do filho. Ir a escola, saber sobre o comportamento. Em casa, verificar celular, computador e saber com quem anda. Se envolver, conversar e mostrar que se importa”, diz a também mãe de um menino que estuda em escola municipal.
Para o policial militar Moacir de Souza, 49 anos, a resposta da questão é reforçar a segurança nas escolas. Ele é pai de um menino, que estuda na rede estadual de ensino e faz questão de levar e buscar o menino todos os dias. “Policiais ou guardas permanentes na entrada e saída dos alunos onde há mais concentração de gente. Não acho que meu filho esteja seguro ali dentro. Vivemos em tempos onde drogas e outros ilícitos estão dentro das salas de aula”, diz.
“Linha de tiro” – As monitoras de escola municipal Daniele Espírito Santo e Maria Helena Rocha afirmam que se sentem “na linha de tiro” após saber sobre a tragédia em Suzano. “Se ocorresse algo parecido aqui seríamos as primeiras a morrer”, disse Maria Helena, responsável em recepcionar os alunos na entrada.
Para ela, todas as escolas precisam de segurança reforçada. “Guardas que de fato fiquem nas escolas. Não só de passagem”, completa.
Já a colega de trabalho Daniele, acredita que todos os alunos deveriam passar por acompanhamento com um psicólogo, principalmente se apresentar ou mesmo se envolver em alguma situação de violência. “Seria um reforço ao coordenador, que tem o papel de acompanhar os alunos”, diz.
“Portão trancado agora é lei” – Ao Campo Grande News, a superintendente de gestão e normas da Secretaria Municipal de Educação, Alelis Izabel de Oliveira Gomes, afirma que antes já era procedimento padrão manter os portões das escolas trancados após o período de entrada e saída de alunos, porém depois da tragédia a então norma “passou a ser lei”.
“Pelo menos da rede municipal não vemos a necessidade de medidas extremas como detector de metais, já que não registramos ocorrências desta natureza”, explica.
Além disso, a superintendente reforça que a secretaria trabalha com inúmeros projetos contra o bullying e valorização da vida para justamente evitar que tragédias como a da escola de Suzano aconteça.
“Por meio destas ações o número de casos de bullyng diminuiu muito e hoje são apenas casos isolados nas escolas. Além deste trabalho, também realizamos diversos encontros com professores onde o orientamos a como proceder em situações como está, afinal ele também merece cuidado”, explica.
Sobre um reforço na segurança, conforme Alelis, algumas escolas já contam com sistema de monitoramento por câmeras. “É algo que já está em andamento, mas depende de orçamento. Porém, o objetivo é de em breve monitorar todas as escolas da rede com câmeras onde a Guarda Municipal terá acesso as imagens e ajudará neste monitoramento”, diz.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação para comentar o assunto e aguarda retorno.
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