Uma mulher usava um cartão do Bolsa Família, programa do governo federal, como forma de pagamento por crack, em Cachoeiro de Itapemirim , no Sul do Espírito Santo , segundo a polícia. A constatação foi feita após a polícia prender um suspeito de tráfico de drogas em flagrante e, com ele, encontrar cartões do programa Bolsa Família. De acordo com a polícia, a mulher entregou o cartão ao suspeito, como forma de pagar pelas drogas, já que, em troca, recebia pedras de crack. Depois de ser ameaçada, a mulher procurou a polícia e o homem acabou preso em flagrante. O delegado Waldemir Cavalcanti contou que não foi a primeira vez que cartões do programa social foram encontrados com suspeitos de tráfico na cidade.
Segundo Cavalcanti, o suspeito realizava saques mensais com o cartão da beneficiária. "Ele teria retido esse cartão em poder dela, já que ela forneceu a senha. No dia 18 de cada mês, ele fazia o saque em caixa eletrônico de casas lotéricas ou de bancos da Caixa Econônica Federal e ele fazia a restituição em forma de pedras de crack", explicou.
De acordo com o delegado, após ser ameaçada, a mulher procurou a polícia, que prendeu o suspeito em flagrante. Moradora de rua, a usuária costumava dormir em galpões, no bairro Coramara e também teria trabalhado para ele em troca de crack. "Ela trabalhou como doméstica e o pagamento não era em dinheiro, era em pedra de crack. É um absurdo uma coisa dessas e me deixou perplexo", afirmou Cavalcanti.
A polícia contou que não foi a primeira vez que cartões do programa social foram encontrados com traficantes na cidade de Cachoeiro. Para conferir o motivo, os policiais notaram que, na hora de sacar o benefício, a pessoa usa o cartão, a senha e não é preciso apresentar um documento de identidade.
Apesar de conviver com o problema há anos, o delegado afirma nunca ter visto situação parecida. "Eu trabalhei como investigador da polícia em São Paulo por 34 anos, dos quais oito anos foram no departamento narcótico. Eu nunca vi e constatei um benefício que é dado para combater a fome sendo desviado e usado para consumo de crack", falou.
'Atitudes extremas'
Segundo o psicólogo Lucas Rigoni, por se tratar de uma droga agressiva, o crack leva pessoas a tomarem atitudes extremas para conseguir comprar. "Os sintomas de abstinência são muito fortes. Então, para evitá-los, a pessoa continua a usar. Ela usa, causa aquela depressão e aquele mal estar. Em um primeiro momento, ele causa euforia, mas é muito curta e o efeito depressivo é muito longo. Para se livrar desse efeito depressivo, ele continua usando", explicou o profissional.
fonte: G1
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