Para representantes do comércio, as novas restrições previstas no decreto da prefeitura de Campo Grande constituem remédio menos amargo do que o lockdown que poderia ter sido imposto, restringindo totalmente as atividades. Porém, a redução do horário durante o fim de semana pode ter efeito contrário do esperado.
O decreto ainda deve ser publicado, mas parte das novas restrições já foi divulgada pelo prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD).
Na avaliação do diretor da Associação Comercial de Campo Grande, Roberto Oshiro, o fechamento aos finais de semana, sendo restrito somente às atividades essenciais deve contribuir para redução do movimento, mapeando as aglomerações. Porém, a previsão de restringir atendimento até 17h pode ter efeito contrário.
Oshiro diz que a população terá de se adaptar e, sem a alternativa de comércio aberto aos finais de semana e até 18h, terá menos tempo para as compras. “Você reduz horário, mas vai ter a mesma quantidade de pessoas”, disse. Citou como exemplo os que trabalham em igual período e vão aproveitar o horário de almoço para resolver pendências que envolvem comércio varejista. “Isso não reduz, aumenta”.
Porém, a Associação Comercial avalia que o lockdown seria mais prejudicial e quem não quebrou na primeira fase do fechamento, entre março e abril, fatalmente fecharia as portas se a suspensão fosse geral.
“Lockdown significaria a morte para o segmento”, diz o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Adelaido Luiz Spinosa Vila, explicando que a alternativa foi discutida em reunião com a prefeitura de Campo Grande.
No decreto a ser publicado hoje, as restrições serão válidas de 18 a 31 de julho. O comércio deve antecipar horário de fechamento, das 18h para 17h. Nos finais de semana, a prefeitura vai permitir o funcionamento apenas das atividades essenciais. Quem desobedecer a ordem pode ter a loja, bar ou restaurante lacrado por três dias, podendo até perder o alvará em caso de reincidência.
De acordo com Vila, as restrições de horário estão previstas para o varejo de rua. Os demais segmentos devem seguir o toque de recolher, que determina o fechamento até 20h. Nos finais de semana, o “mini lockdown”, o que inclui shoppings, academias de ginástica, bares e restaurantes, o último, ainda em tentativa de reversão, a ser discutida em reunião na prefeitura esta manhã.
O presidente da CDL disse que, na discussão entre prefeitura e representantes do segmento, foi explanado que o setor já consumiu “toda a gordura e possibilidades de cortes” para manter a estrutura atual, sem ocasionar demissões e fechamentos. “Vamos matar o vírus matando a cidade?”.
Comentários