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"Não consegui salvar minha filha": a dor da mãe de criança atacada

Elenilda Carvalho Moreira é mãe da pequena Eloá - Crédito: (Paulo Francis) Elenilda Carvalho Moreira é mãe da pequena Eloá - Crédito: (Paulo Francis)

“Eu não consegui salvar minha filha”, lamenta, repetidamente e entre lágrimas, a dona de casa Elenilda Carvalho Moreira, de 31 anos, que na tarde da última quarta-feira, dia 11 de dezembro, viu a filha Eloá Aquino Carvalho, de 3 anos, ser atacada na rua por homem que sofre de esquizofrenia. A menina foi arremessada no chão e teve lesões graves. Na Santa Casa, onde está internada, os médicos já abriram protocolo para confirmar morte encefálica da criança.

Em um esforço sobre-humano, Elenilda tenta pensar logicamente sobre uma situação inexplicável. Ela estava ali, em um ponto de ônibus acompanhada da “Lolô”, como a família chamava Eloá, e de outros dois filhos, um de 5 anos e outro de dois meses, quando o homem se aproximou puxou a menina pelos pés e a arremessou no chão. “Não deu tempo de chorar, nem de gritar mãe”, lembra.

O responsável pela violência sem explicação é Cecílio Martins Centurião Júnior, de 34 anos, diagnosticado com esquizofrenia e que havia sido interditado pela Justiça há 7 anos. “Ele estar preso não vai trazer minha filha de volta, mas pelo menos não vai fazer com outra criança”, afirma Elenida.

A mãe não consegue evitar o pensamento sobre como poderia ter evitado aquilo, mas não encontra respostas. Diz pensar, também, se a menina estava bagunçando ou fazendo algo que pudesse incomodar alguém, mas não. Lolô “estava sentadinha com o irmão dela”.

Depois de a menina ter sido levada para o hospital este mesmo foi um dos primeiros a ser avisados sobre o estado grave de Eloá. “Ele viu tudo. Estava em pânico e eu tive que chegar e contar”.

O relatos que fez aos filhos foi exatamente iguail aquele ouvido pouco antes de profissionais da Santa Casa. “Eles não queriam falar logo comigo, mas eu disse sou forte. Ela é minha filha. Carreguei ela por nove meses”.

A Eleá é “inteligente, tão saudável, que dava bom dia para os vizinhos, brincava com os cachorros e falava toda hora ‘mãe, tô com fome’, diz Elenilda, lembrando ainda do sonho com Lolô nesta noite. “Sonhei que ela estava machucada. Minha filha também sonhou com ela com vestido branco”.

Elenilda atribui aos outros filhos o fato de ainda ter forças para não “desabar”, mas percebe o corpo gritando que algo não está bem. “Meu leite está secando”, lamenta, lembrando da amamentação do filho caçula de dois meses. “É nervoso”.

E quando volta a pensar em Eloá as lágrimas voltam a escorrer. “É muito triste o jeito que tiraram minha filha. Muito triste”, diz.

Cecilio Martins Centurião Junior, de 34 anos, foi preso na manhã da quarta-feira (11) após retirar uma criança de 3 anos do carrinho de bebê que a mãe guiava, levantar e arremessar a menina de cabeça ao chão.

Ele seria encaminhado para a ala psiquiátrica do Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, na saída Para Três Lagoas. Por enquanto, responde por tentativa de homicídio qualificado por recurso que dificultou a defesa da vítima.

 

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